Como aprender a ser filósofo no Brasil no século XIX: instituições, compêndios, caminhos do saber

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DOI:

https://doi.org/10.36517/Argumentos.25.9

Palavras-chave:

História da filosofia. Ensino de filosofia. Século XIX. Filosofia no Brasil. Manuais. Gonçalves de Magalhães.

Resumo

Este texto examina produções filosóficas brasileiras destinadas ao ensino de filosofia no século XIX, tratando-se, portanto, de um período anterior à existência de cursos universitários de filosofia no Brasil. Esses compêndios e manuais são analisados tendo em vista as concepções de filosofia neles presentes, os campos do saber que cada um deles elege como pertinente e, ainda, a ordem das matérias neles dispostas, o que indica diferentes maneiras pelas quais se compreende qual deve ser o caminho a se percorrer para se tornar filósofo. Além disso, tal disposição temporal das matérias diz respeito a variadas posições acerca da história da filosofia. Por fim, há a análise da autoria construída pelos autores de manuais e compêndios, a qual pode ser compreendida como uma autoria mínima, em que a voz autoral cede lugar àqueles que os autores compreendem como “verdadeiros filósofos”. Por meio desse procedimento torna-se possível compreender como foi atribuída à obra de Domingos José Gonçalves de Magalhães, Factos do espírito humano, publicada em 1858, a característica de ser o livro inaugurador da filosofia no Brasil.

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Publicado

2020-12-11