O enigma da palavra: Levinas e a afasia do mundo contemporâneo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/Argumentos.29.11

Palavras-chave:

Palavra. Fenômeno. Enigma. Alteridade. Crise.

Resumo

A crise do mundo contemporâneo pode ser interpretada em grande medida como uma crise da palavra. Levinas afirma que fazemos parte de uma civilização de afásicos, dominada por um silêncio desconcertante e desumanizante. Para ele, sem a palavra que vem de uma alteridade radical, o pensamento seria apenas um acúmulo de informações, sem nenhuma orientação. Tampouco conseguiríamos manter viva a busca da verdade, que é animada pelo desejo do outro. Argumentamos no sentido de mostrar que a palavra tem uma dupla função: a) ensinar-nos o significado da orientação a objetos (luta para evitar mal-entendidos e obscuridades, ou, simplesmente, entrada no espaço das razões); b) significar por contraste ao fenômeno, ou seja, a palavra é um enigma, ela vai além da objetivação. Eis o sentido que nos permite pensar “mais” do que somos capazes de visar. Eis a condição para uma permanente e imprevisível renovação da vida cultural.

Biografia do Autor

Marcelo Fabri, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1985), mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1989) e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (1995). Realizou estágio pós-doutoral na Università di Catania (Itália), de outubro de 2004 a julho de 2005. Atualmente é professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ética Fenomenológica, atuando principalmente nos seguintes temas: subjetividade, ipseidade, alteridade, Husserl, Levinas, fenomenologia francesa.

Referências

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Publicado

2023-01-01

Edição

Seção

Dossiê Crise