Habermas e a esfera pública: as aventuras de um conceito

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/Argumentos.26.2

Palavras-chave:

Habermas. Esfera Pública. Movimentos Sociais. Teoria Crítica.

Resumo

A discussão da esfera pública representou um elemento central no processo de reconstrução da Teoria Crítica na segunda metade do século XX, produzindo uma grande mudança nessa tradição teórica. Este artigo objetiva refletir a perspectiva habermasiana de esfera pública. Primeiramente, enfatizaremos como Habermas, a partir de uma obra de juventude, “Mudança Estrutural da Esfera Pública”, discute o surgimento, na modernidade, dos salões, cafés e jornais, como espaços de discussão e deliberação. Entretanto, Habermas observa que interesses econômicos começaram a dominar a esfera pública, em que o poder e o dinheiro constituíam-se como forças maiores do que os discursos racionais e argumentativos, havendo, além disso, privatização do espaço público de discussão. Por conseguinte, explicitaremos como a esfera pública volta a ser discutida em seus textos mais recentes. Nestes, Habermas argumenta que a sociedade civil contemporânea se compõe de organizações e associações que captam os ecos dos problemas sociais, transmitindo-os para o sistema político, bem como colocando as questões à luz da discussão pública. Habermas destaca a existência de públicos não institucionalizados capazes de se organizar no âmbito da sociedade civil, como os movimentos sociais, tal qual um tipo de esfera pública que questiona as relações vigentes.

Biografia do Autor

Juliano Cordeiro da Costa Oliveira, Universidade Federal do Piaui

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pós-doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

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Publicado

2021-05-08

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Artigos