DIVERSIDADE DE RAIAS MARINHAS NA COSTA DO BRASIL E SEUS ESTADOS DE AMEAÇA NACIONAL E GLOBAL

Autores

  • Cicero Diogo Lins de Oliveira Universidade Federal Rural de Pernambuco –UFRPE, Departamento de Pesca e Aquicultura, Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas (DIMAR)
  • Carlos Yure Barbosa de Oliveira Universidade Federal de Santa Catarina –UFSC, Laboratório de Cultivo de Alga (LCA).
  • Heitor Rodrigues Silva Universidade Federal de Pernambuco –UFPE, Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas da UFRPE
  • Tainá Guimarães Julio Universidade Federal de Pernambuco –UFPE, Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas da UFRPE

DOI:

https://doi.org/10.32360/acmar.v52i1.33089

Resumo

O Brasil apresenta alta diversidade de peixes marinhos composta por aproximadamente 1.300 espécies. Entre essas, destacam-se as raias marinhas, por serem animais k-estrategista e possuírem grande vulnerabilidade à pesca. Nesse contexto, o presente estudo objetivou fazer o levantamento de espécies de raias que ocorrem no litoral brasileiro e seu estado de ameaça constatado pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Para a realização do estudo, foram feitas revisões bibliográficas relacionadas à ocorrência das raias no litoral do Brasil e, posteriormente, foram consultados os estados de ameaça global nas fichas da IUCN e nacional nas do ICMBio de 2016, as quais foram comparadas. Foram constatadas 66 espécies, distribuídas em 35 gêneros e 11 famílias, destacando-se os gêneros.Dipturus e Psammobatis com 4 espécies cada e Mobula, com 5. Das 66 espécies ocorrentes no litoral do Brasil, a IUCN já avaliou 60, sendo 40% dessas pertencentes à categoria de Dados Insuficientes (DD), 11,7% como Menos Preocupante (LC), 13,3% em Próximo de Ameaça (NT), 25% em Vulnerável (VU), 3,3% Em Perigo (EN) e 6,7% como Criticamente em Perigo(CR). Na avaliação nacional também foram avaliadas 60 das espécies do presente estudo, sendo 46,7% como DD, 11,7% como LC, 3,3% sendo NT, 16,7% foram categorizadas com VU, 8,3% em EN e 13,3% em CR. Ao comparar os estados de ameaças global e nacional, 39,4% coincidem; entretanto, 60,6% possuem divergências na classificação de ameaça. Portanto, é notório que a atividade pesqueira vem causando sérios danos às populações de raias do litoral do Brasil e do mundo, podendo concluir que, de acordo com dados da IUCN, 35% das espécies que ocorrem no Brasil estão em estado preocupante, já pelo ICMBio esse percentual sobe para 38,3%.

Palavras-chave: conservação, elasmobrânquios, litoral brasileiro, check-list

Referências

Basílio, T.H.; Faria, V.V., & Neto, M.A.D.A.F. Fauna de elasmobrânquos do estuário do rio Curu, Ceará, Brasil. Arquivos de Ciências do Mar, v. 41, n. 2, p. 65-72, 2008.

Bizzarro, J.; Smith, W.; Baum, J.; Domingo, A. & Menni, R. Mobula hypostoma. The IUCN Red List of Threatened Species 2009: e.T161737A5492018. 2009. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2009-2.RLTS.T161737A5492018.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

Bornatowski, H.; Abilhoa, V. & Charvet-Almeida, P. Elasmobranchs of the Paraná Coast, southern Brazil, south-western Atlantic. Marine Biodiversity Records, v. 2, p. 1-6, 2009.

Bustamante, C.; Lamilla, J.; Concha, F.; Ebert, D.A. & Bennett, M.B. Morphological characters of the thickbody skate Amblyraja frerichsi (Krefft 1968) (Rajiformes: Rajidae), with notes on its biology. PloS one, v. 7, n. 6, p. e39963, 2012.

Carvalho, M.D.; Loboda, T.S. & Silva, J.P.C.B. A new subfamily, Styracurinae, and new genus, Styracura, for Himantura schmardae (Werner, 1904) and Himantura pacifica (Beebe & Tee-Van, 1941) (Chondrichthyes: Myliobatiformes). Zootaxa, v. 4175, n. 3, p. 201-221, 2016.

Carvalho, M.R. & McCord, M.E. Diplobatis pictus. The IUCN Red List of Threatened Species 2006: e.T61404A12471946. 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2006.RLTS.T61404A12471946.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

Carvalho, M.R.; McCord, M.E. & Myers, R.A. Narcine bancroftii. The IUCN Red List of Threatened Species 2007: e.T63142A12622582. 2007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2007.RLTS.T63142A12622582.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

Castro J.I. The Position of Sharks in Marine Biological Comunities An Overview. In: Cook, S. (eds.). Sharks. An Inquiry into Biology, Behavior, Fisheries and Use. Proc. Of a Conf. Portland. Oregon, State University Extension Service, p. 11-17, 1987.

Compagno, L.J.V. Sharks of The World: An Annotated and Illustrated Catalogue of Shark Species Known to Date. Vol. 2. No. 1. Food Agriculture Org. 278 p. 2001.

Compagno, L.J.V. Sharks of the world. Na annotated and illustrated catalogue of shark species known to date. Parts 1 FAO Species catalogue v. 4, 655 p. 1984.

Cortés, F.; Jaureguizar, A.J.; Guerrero, A.R. & Dogliotti, A. Influence of estuarine and continental shelf water advection on the coastal movements of apron ray Discopyge tschudii in the Southwestern Atlantic. Journal of applied ichthyology, v. 27, n. 5, p. 1278-1285, 2011.

Dellias, J.M.; Onofre, G.R.; Werneck, C.C.; Landeira-Fernandez, A.M.; Melo, F.R.; Farias, W.R. & Silva, L.C.F. Structural composition and differential anticoagulant activities of dermatan sulfates from the skin of four species of rays, Dasyatis americana, Dasyatis gutatta, Aetobatus narinari and Potamotrygon motoro. Biochimie, v. 86, n. 9-10, p. 677-683, 2004.

Dent, F. & Clarke, S. State of the global market for shark products. FAO Fisheries and Aquaculture Technical Paper, 590 p. 2015.

Dulvy, N.K.; Baum, J.K.; Clarke, S.; Compagno, L.J.; Cortés, E.; Domingo, A.; Fordham, S.; Fowler, S.; Francis, M.P.; Gibson, C.; Martínez, J.; Musick, J.A.; Soldo, A.; Sttevens, J.D. & Valenti, S. You can swim but you can't hide: the global status and conservation of oceanic pelagic sharks and rays. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, v. 18, n. 5, p. 459-482, 2008.

Figueiredo, J.L. Manual de peixes do Sudeste do Brasil. I. Introdução: cações, raias e quimeras. Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo-SP, 111 p. 1977.

Fowler, H.W. A list of the fishes known from the coast of Brazil. Arquivos de Zoologia, v. 3, p. 115‑184, 1941.

Gadig, O.B.F. Peixes cartilaginosos da costa do Estado de São Paulo. Ceciliana, v. 8, p. 41‑51, 1998.

Galvão, T.F. & Pereira, M.G. Revisões sistemáticas da literatura: passos para sua elaboração. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 23, p. 183-184, 2014.

Gomes, U.L. & Costa, S.R. New records of the thintail skates Dipturus leptocauda (Rajidae, Rajinae, Rajini), with notes on its taxonomy. Biociências, v. 11, n. 1, p. 91-95, 2003.

Gomes, U.L.; Signori, C.N.; Gadig, O.B.F. & Santos, H.R.S. Guia para identificação de tubarões e raias do Rio de Janeiro, Technical Books. 215 p. 2010.

Hammerschlag, N.; Gallagher, A.J. & Lazarre, D.M. A review of shark satellite tagging studies. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, v. 398, n. 1, p. 1-8, 2011.

Hoenig, J.M. & Gruber, S.H. Life-history patterns in the elasmobranchs: implications or fisheries management. Pages 1-16 in Pratt HL, Gruber SH & Taniuchi T (Eds.). Elasmobranchs as living resources: advances in the biology, ecology, systematics, and the status of fisheries. NOAA Tech. Rep. 90 p. 1990.

ICMBio- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2016. Avaliação do risco de extinção dos elasmobrânquios e quimeras no Brasil: 2010-2012. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/biblioteca/download/trabalhos_tecnicos/pub_2016_avaliacao_elasmo_2010_2012.pdf.

IUCN. Guidelines for Using the IUCN Red List Categories and Criteria. Version 11. Prepared by the Standards and Petitions Subcommittee. 2014. Disponível em: https://cmsdata.iucn.org/downloads/redlistguidelines.pdf. Acessado em: 17 de Junho de 2018.

Knoff, M.; São Clemente, S.C.D.; Pinto, R.M. & Gomes, D.C. Digenea and Acanthocephala of elasmobranch fishes from the southern coast of Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 96, n. 8, p. 1095-1101, 2001.

Kyne, P.M.; Lamilla, J.; Licandeo, R.R.; San Martín, J.M.; Stehmann, M.F.W. & McCormack, C. Zearaja chilensis. The IUCN Red List of Threatened Species 2007: e.T63147A12623314. 2007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2007.RLTS.T63147A12623314.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

Last, P.R.; Carvalho, M.R.; Corrigan, S.; Naylor, G.J.; Séret, B. & Yang, L. The Rays of the World project–an explanation of nomenclatural decisions. Rays of the World: Supplemental information. CSIRO Publishing, Melbourne, v. 40, p. 1-10, 2016.

Lessa, R.; Rodrigues, J.; Barreto, R.; Nunes, R.; Camargo, G. & Santana, F.M. Pesca incidental de rajiformes nos arrastos de praia em Caiçara do Norte, RN. Revista Brasileira de Engenharia de Pesca, v. 8, n. 2, p. 34-41, 2016.

Lessa, R.; Santana, F.M.; Rincón, G.; Gadig, O.B.F. & El-Deir, A.C.A. Biodiversidade de elasmobrânquios do Brasil. Recife-PE, Ministério do Meio Ambiente (MMA). 155 p. 1999.

Martins, A.P.B.; Heupel, M.R.; Chin, A. & Simpfendorfer, C.A. Batoid nurseries: definition, use and importance. Marine Ecology Progress Series, v. 595, p. 253-267, 2018.

Massa, A. & Lamilla, J. Sympterygia bonapartii. The IUCN Red List of Threatened Species 2004: e.T44597A10912987. 2004. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2004.RLTS.T44597A10912987.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

Mazzoleni, R. & Schwingel, P. Espécies de elasmobrânquios desembarcadas no porto de Itajaí, Sul do Brasil. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, v. 3, n. 1, p. 111-118, 2010.

Menezes, N.A. Checklist dos peixes marinhos do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, v. 11, n. 1A, p. 33-46, 2011.

Menezes, N.A.; Buckup, P.A.; Figueiredo, J.L. & Moura, R.L. Catálogo das espécies de peixes marinhos do Brasil. São Paulo, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. 164 p. 2003.

Menni, R.C. & Stehmann, M.F.W. Distribution, environment and biology of batoid fishes off Argentina, Uruguay and Brazil. A review. Revista del Museo Argentino de Ciencias Naturales Nueva Serie, v. 2, n. 1, p. 69-109, 2000.

Nunan, G.W. & Senna, M.L.V. Tubarões (Selachii) coletados pelo Navio Oceanográfico Thalassa sobre a plataforma externa e talude continental do Brasil entre 11° e 22°S. In: Costa, P.A.S.; Olavo, G. & Martins, A.S. (Eds.). Biodiversidade da fauna marinha profunda na costa central brasileira. Rio deJaneiro, Museu Nacional. p. 163‑183, 2007.

Nunes, J.L.S.; Almeida, Z.D.D.S. & Piorski, N.M. Raias capturadas pela pesca artesanal em águas rasas do Maranhão-Brasil. Arquivos de Ciências do Mar, v. 38, n. 1-2, p. 49-54, 2005.

Oliver, S.M.; Braccini, M.; Newman, S.J. & Harvey, E.S. Global patterns in the bycatch of sharks and rays. Marine Policy, v. 54, p. 86-97, 2015.

Queiroz, B.J.; Neto, J.S.; Medeiros, R.S.; Nascimento, F.C.; Neto, M.A.D.A.F.; Faria, V.V. & Rincon, G. Cartilaginous fishes (class Chondrichthyes) off Ceará state, Brazil, Western Equatorial Atlantic-an update. Arquivos de Ciências do Mar, v. 41, n. 2, p. 73-81, 2008.

Rezende, G.A.; Capitoli, R.R. & Vooren, C.M. Dieta e morfologia da cabeça, boca e dentição de duas raias simpátricas, Myliobatis goodei e M. ridens (Batoidea: Myliobatiformes). Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v. 37, n. 3, p. 255-270, 2015.

Rincon, G. Benthobatis kreffti. The IUCN Red List of Threatened Species 2004: e.T44577A10921737. 2004. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2004.RLTS.T44577A10921737.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

Rincon, G.; Mazzoleni, R.C.; Palmeira, A.R.O. & Lessa, R. Deep-Water Sharks, Rays, and Chimaeras of Brazil. In Chondrichthyes-Multidisciplinary Approach. InTech. p. 84 – 112, 2017.

Rosa, R.S. & Gadig, O.B.F. Conhecimento da diversidade dos Chondrichthyes marinhos no Brasil: a contribuição de José Lima de Figueiredo. Arquivos de Zoologia (São Paulo), v. 45, n. especial, p. 89-104, 2014.

Rosa, R.S.; Furtado, M.; Snelson, F.; Piercy, A.; Grubbs, R.D.; Serena, F. & Mancusi, C. Bathytoshia centroura. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T63152A104065289. 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T63152A104065289.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

San Martín, J.M.; Stehmann, M.F.W. & Kyne, P.M. Atlantoraja platana. The IUCN Red List of Threatened Species 2007: e.T63110A12608554. 2007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2007.RLTS.T63110A12608554.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018.

Santos, H.R.S.; Gomes, U.L. & Charvet-Almeida, P. A new species of whiptail stingray of the genus Dasyatis Rafinesque, 1810 from the Southwestern Atlantic Ocean (Chondrichthyes: Myliobatiformes: Dasyatidae). Zootaxa, v. 492, n. 1, p. 1-12, 2004.

Silva, G.B.; Basílio, T.H.; Nascimento, F.C.P. & Fonteles Filho, A.A. Tamanho na primeira maturidade sexual das raias Dasyatis guttata e Dasyatis americana, no litoral do estado do Ceará. Arquivos de Ciências do Mar, v. 40, n. 2, p. 14-18, 2007.

Soto, J.M.R.; Consulim, C.E.N. & Souza Filho, M.D. First record of clark's fingerskate, Dactylobatus clarldi (Bigelow & Schroeder, 1958) (Chondrichthyes, Rajidae), in the South Atlantic. Mare Magnum, v. 21, n. 1-2, p. 145-148, 2004.

Stehmann, M.F.W.; San Martín, J. & Carvalho, M.R. Tetronarce puelcha. The IUCN Red List of Threatened Species 2006: e.T60135A12311366. 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2006.RLTS.T60135A12311366.en. Acessado em: 12 de Julho de 2018

Tomás, A.R.G.; Gomes, U.L. & Ferreira, B.P. Distribuição temporal dos elasmobrânquios na pesca de pequena escala de Barra de Guaratiba, Rio De Janeiro, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, v. 36, p. 317-324, 2010.

Worm, B.; Davis, B.; Kettemer, L.; Ward-Paige, C.A.; Chapman, D.; Heithaus, M.R.; Kessel, S.T. & Gruber, S.H. Global catches, exploitation rates, and rebuilding options for sharks. Marine Policy, v. 40, p. 194-204, 2013.

ZAR, J.H. Biostatistical Analysis: Pearson New International Edition. Pearson Higher Ed. 972 p. 2013.

Downloads

Publicado

2019-10-23

Edição

Seção

Artigos originais