O QUANTO A “ENXADA” É MAIS PESADA PARA AS MULHERES? DISCRIMINAÇÃO SALARIAL DE GÊNERO NO SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19094/contextus.v17i2.39969

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar a existência de diferenciais salariais por gênero no mercado de trabalho agrícola na zona rural brasileira, verificando se os diferenciais são oriundos de diferenças explicadas ou discriminatórias. Equações de rendimento e a decomposição detalhada do diferencial de salários por meio dos microdados da PNAD 2015, foram estimadas com a correção de Heckman. O método utilizado foi a decomposição de Oaxaca-Blinder. Os principais resultados mostram que o salário/hora dos homens é 157,62% maior que o das mulheres e o efeito da discriminação corresponde a 108,38% desse hiato. A principal conclusão indica que o diferencial salarial por gênero diminui com a formalidade do trabalho e com o aumento das horas trabalhadas pelas mulheres. Vale ressaltar que os resultados proporcionam a visualização da discriminação de gênero no mercado de trabalho rural, agregando contribuições aos estudos empíricos sobre os diferenciais salariais no setor agrícola.

Biografia do Autor

Kalu Soraia Schwaab, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Doutoranda em Administração

Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA

Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Vanessa Rabelo Dutra, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Doutoranda em Administração

Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA

Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Paulo Fernando Marschner, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Mestrando em Administração

Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA

Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Paulo Sergio Ceretta, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Doutor em Engenharia de Produção - UFSC

Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA

Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Referências

AGRAWAL, T. Gender and caste-based wage discrimination in India: some recent evidence. J Labour Market Res. v. 47, p.329-340, 2014.

AGUILAR, A. A., CARRANZA, E. B., GOLDSTEIN, M. C., KILIC, T. D., OSENI, G. D. Decomposition of gender differentials in agricultural productivity in Ethiopia. Agricultural Economics, v. 46, n. 3, p.311-334, 2015.

ARROW, K. Higher education as a filter. Journal of Public Economics, v.2, n.3, p.193-216, 1973.

ARULAMPALAM W, BOOTH AL, BRYAN ML. Is There A Glass Ceiling Over Europe? Exploring the gender pay gap across the wage distribution. Industrial & Labor Relations Review, v. 60, n. 2, p.163-186, 2007.

ASSIS, R. S.; ALVES, J. S. Hiato salarial entre homens e mulheres no Brasil segundo condição migratória: o mercado de trabalho é segregado ou discrimina? Revista Econômica do Nordeste, v. 45, n. 1, p.120-135, 2014.

BECKER, G. S. Human capital: a theoretical and empirical analysis, with special reference to education. Chicago: The University of Chicago Press, 1964.

BECKER, G. S. The economics of discrimination. Chicago: Univ. Chicago Press, 1957.

BERGOLO, M.; CARBAJAL, F. Exploring the urban-rural labor income gap in Uruguay: a quantile regression decomposition. Revista de Análisis Económico, v. 25, n. 2, p.133-168, 2010.

BIGLER, C.; AMACKER, M.; INGABIRE, C.; BIRACHI, E. Rwanda's gendered agricultural transformation: A mixed-method study on the rural labour market, wage gap and care penalty. Womens Studies International Forum, v. 64, p.17-27, 2017.

BLINDER, A. S. Wage discrimination: reduced form and structural estimates. Journal of Human Resources, v. 8, n. 4, p.436-455, 1973.

BRASIL. Lei n. 10.097, de 19 de dezembro de 2000. Altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Available in: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L10097.htm> Accessed in: 12 de july de 2018.

CARVALHO, A. P.; NERI, M. C.; SILVA, D. B. Diferenciais de Salários por Raça e Gênero: Aplicação dos procedimentos de Oaxaca e Heckman em Pesquisas Amostrais Complexas. Ensaios Econômicos da EPGE, v. 638, 2006.

CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. 2017. PIB Agronegócio Brasil CEPEA-USP/CNA, jan/dez 2017. Available in: <http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/> Accessed in: 11 july 2018.

CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. 2018. Mercado de trabalho/Cepea: Remuneração no agro cresce mais que a da média brasileira. Available in: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/mercado-de-trabalho-do-agronegocio.aspx> Accessed in: 11 july 2018.

CIRINO, J. F.; LIMA, J. E. DE. Diferenças de rendimentos entre as regiões metropolitanas de Belo Horizonte e Salvador: uma discussão a partir da decomposição de Oaxaca-Blinder. Revista Econômica da Nordeste, v. 43, n. 2, p.371-389, 2012.

COELHO, A. M.; CORSEUIL, C. H. Diferenciais salariais no Brasil: um breve panorama. Textos para Discussão, n. 898, p. IPEA, 2002.

CORREA, A. M. C. J.; FIGUEIREDO, N. M. S. Distribuição de Rendimentos na agricultura brasileira: uma análise exploratória com informações das PNAD´s. Pensamento & Realidade, v. 19, p.5-38, 2006.

CUNHA, M. S. Os empregados da agricultura brasileira: diferenciais e determinantes salariais. RESR, v. 46, n. 3, p.597-621, 2008.

DOERINGER, P. B.; PIORE, M. J. Internal labor market and manpower analysis. Heath Lexington Books, 1971.

DOLTON, P.J.; MAKEPEACE, G.H. Sample selection and male-female earnings differentials in the graduate labour market. Oxf. Econ. Pap. v. 38, n. 2, p.317-341, 1986.

EWING, B.T.; LEVERNIER, W. An analysis of Rural-Urban Differences in Average Family income: An Aplication of the Oaxaca and Cotton-Neumark Decomposition Techniques. The Review of Regional Studies, v. 30, n. 3, p.299-314, 2000.

GARIBALDI, P. Personnel economics in imperfect labor markets. Oxford, England: Oxford Press, 2006.

GOLLIN, D.; LAGAKOS, D.; WAUGH, M. E. The Agricultural Productivity Gap. The Quarterly Journal of Economics, Oxford University Press, v. 129, n. 2, p.939-993, 2014.

GUIMARAES, C. R. F. F.; SILVA, G. Pay gap by gender in the tourism industry of Brazil. Tourism Management, v. 52, p.440-450, 2016.

HAISKEN-DENEW, J.P.; MICHAELSEN, M.M. Migration Magnet: The role of work experience in rural-urban wage differentials in Mexico. Ruhr Economic Paper, n. 263, 2011.

HEADEY, D. D.; JAYNE, T. S. Adaptation to land constraints: Is Africa different? Food Policy, v. 48, p.18-33, 2014.

HECKMAN, J. J. Sample selection bias as a specification error. Econometrica, v. 47, p.153-161, 1979.

HLAVAC, M. Oaxaca: Blinder-Oaxaca Decomposition in R. R package version 0.1.4. Available in: <https://CRAN.R-project.org/package=oaxaca> Accessed in: 10 de july de 2018.

HOFFMANN, R. Distribuição da renda e pobreza na agricultura paulista. São Paulo em Perspectiva, v. 7, n. 3, p.107-115, 1993.

HOLDEN, S. T.; OTSUKA, K. The roles of land tenure reforms and land markets in the context of population growth and land use intensification in Africa. Food Policy, v. 48, p.88-97, 2014.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Estatísticas de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas, Informação Demográfica e Socioeconômica, Rio de Janeiro, n. 38, 2018.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Sistema de Contas Regionais: Brasil 2015. Contas Nacionais, n. 57, ISSN 1415-9813, 2017.

KASSOUF, A. L. Wage gender discrimination and segmentation in the Brazilian labor market. Economia Aplicada, v. 2, n. 2, p.243-269, 1998.

MAHAJAN K., RAMASWAMI B. Caste, Female Labor Supply, and the Gender Wage Gap in India: Boserup Revisited. Economic Development and Cultural Change, v. 65, n. 2, p339-378, 2017.

MINCER, J. Schooling, experience and earnings. Columbia University Press, 1974.

NEY, M. G.; HOFFMANN, R. Educação, concentração fundiária e desigualdade de rendimentos no meio rural brasileiro. Rev. Econ. Sociol. Rural, v. 47, n. 1, p.147-181, 2009.

NOLTE, K.; OSTERMEIER, M. Labour Market Effects of Large-Scale Agricultural Investment: Conceptual Considerations and Estimated Employment Effects. World Development, v. 98, p.430-446, 2017.

OAXACA, R. Male-female wage differentials in urban labor markets. International Economic Review, v. 14, n. 3, p.693-709, 1973.

OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development. Glossary of statistical terms, 2001. Available in: <http://stats.oecd.org/glossary/detail.asp?ID=1264> Access in: 20 july. 2018.

PESSOA, D. G. C.; SILVA, P. L. N. Análise de dados amostrais complexos. In: 13º SIMPÓSIO NACIONAL DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA. Anais... São Paulo, Brasil, Associação Brasileira de Estatística, 1998.

PHELPS, E. S. The statistical theory of racism and sexism. The American Economic

Review, v. 62, n. 4, p.659-661, 1972.

SCHULTZ, T. W. O valor econômico da educação. (P. Werneck, Trad.) Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

SKINNER, C.J.; HOLT, D.; SMITH, T.M.F. Analysis of Complex Surveys. Chichester: John Wiley & Sons, 1989.

TELLES, E. Who Gets Formal Sector Jobs? Determinants of Formal-Informal Participation in Brazilian Metropolitan Areas, Works and Occupations, v. 19, p.108–27, 1992.

TRIVENTI, M. The Gender Wage Gap and Its Institutional Context: A Comparative Analysis of European Graduates. Work Employment and Society, v. 27, n. 4, p.563-580, 2013.

UNDP. Human Development Report 2016, United Nations Development Programme, 2016.

VIETORISZ, T.; HARRISON, B. Labor market segmentation: positive feedback and divergent development. American Economic Review, v. 63, n. 2, p.366-376, 1973.

WORLD BANK GROUP. Women, Business and the Law 2018. Washington, D.C.: Grupo Banco Mundial. Licença: Creative Commons Attribution CC BY 3.0 IGO, 2018.

WORLD BANK. World development indicators: Rural environment and land use: Environment, 2016. Available in: <http://wdi.worldbank.org/table/3.1#> Accessed in: 13 December 2018.

Publicado

2019-08-16

Como Citar

Schwaab, K. S., Dutra, V. R., Marschner, P. F., & Ceretta, P. S. (2019). O QUANTO A “ENXADA” É MAIS PESADA PARA AS MULHERES? DISCRIMINAÇÃO SALARIAL DE GÊNERO NO SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO . Contextus – Revista Contemporânea De Economia E Gestão, 17(2), 37–62. https://doi.org/10.19094/contextus.v17i2.39969

Edição

Seção

Artigos