SERIA A BANALIDADE DO MAL UM CAMINHO PARA A COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA ESCOLAR?

Autores

  • Pâmela Esteves

DOI:

https://doi.org/10.30611/2020n19id61446

Palavras-chave:

Violência escolar, banalidade do mal, Hannah Arendt, cotidiano escolar

Resumo

Esse artigo tem o objetivo de investigar as práticas de violência que desafiam o cotidiano escolar. Trata-se de buscar compreender as estruturas que possibilitam a construção e a sustentação dessas práticas. É com esse desejo de compreensão que nos colocamos na companhia de Hannah Arendt e Immanuel Kant, com o propósito de identificarmos o mal como uma fonte estrutural na formação das práticas violentas que se configuram nas relações escolares. Para melhor compreensão dos argumentos, o artigo percorre um caminho de apresentação das contribuições de Arendt e Kant sobre a maldade humana, e problematiza, a partir das narrativas discentes, se na motivação para o agir com violência pode ser fundamentada na banalização da maldade. Do ponto de vista metodológico, os argumentos defendidos neste texto são oriundos de uma pesquisa no campo educacional sobre as práticas de bullying que desafiam as relações intersubjetivas no cotidiano escolar.  A pesquisa foi desenvolvida entre os anos de 2014 – 2017. O campo investigativo contemplou uma escola pública de grande porte da rede estadual da cidade do Rio de Janeiro. Os sujeitos da pesquisa foram estudantes do Ensino Médio. A pesquisa foi realizada em três etapas metodológicas: 1- levantamento bibliográfico; 2- Observação do cotidiano escolar e aplicação de questionários aos estudantes. 3- A partir dos dados coletados nos questionários foi elaborado um roteiro de entrevistas semiestrurado e aplicado aos sujeitos da pesquisa. Esse texto foi escrito contemplando todas as etapas da pesquisa e aponta como conclusão que a banalização da maldade é uma expressão da violência escolar nas sociedades contemporâneas massificadas.

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Publicado

2020-12-19

Edição

Seção

Dossiê Filosofia da Técnica e Educação (II)