OS LIVROS INFANTOJUVENIS E AS IMPRESSÕES DE GRACILIANO RAMOS

Autores

  • Suzana Lopes de Albuquerque Universidade de São Paulo - USP Instituto Federal de Goiás - IFG
  • Maria das Graças de Loiola Madeira Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Resumo

Este artigo apresenta aos leitores do romancista alagoano Graciliano Ramos, acostumados com uma escrita para adultos, uma publicação que resultou de sua preocupação com a infância e não apenas da sua própria, denominada Infância. Ao registrar seu ódio aos livros infantis, caracterizando-os como “maçadores, pesados, estopantes, xaroposos”, e, ao mostrar-se avesso ao pedantismo com o qual se compunham livros para os pequenos, Ramos assinalou estranheza e repugnância a tais práticas. Portanto, este artigo analisa a escola descrita por Ramos por dentro: a rudeza do aprendizado infantil, as leituras maçantes dos livros escolares, a formação moribunda dos professores, os dias enfadonhos da escola, a estrutura precária, os castigos físicos e as humilhações. Para fundamentar este trabalho, dialogou-se com Batista (2009), Benjamin (2011) e Gomes (2003). Observou-se que o mestre romancista alagoano, ao empreender uma visão crítica ao livro infantil da República brasileira, apresenta, juntamente com os literatos e educadores dos anos de 1920 e 1930, as mesmas disposições de tentar superar as velhas formas de ensino. Particularmente sobre o livro infantil, as críticas se aproximavam; porém, talvez houvesse um ponto crucial quanto ao tipo de literatura, os efeitos na formação da infância: o mundo real não deveria ser substituído pelo inventado, visto que a criança precisava simultaneamente transitar entre o mundo vivido e o mundo inventado.

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Publicado

2019-09-24

Edição

Seção

Artigos