AUTOBIOGRAFIA E METALITERATURA EM ENRIQUE VILA-MATAS

Autores

  • Pauliane Amaral Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo

Construindo narrativas que conduzem o leitor através em uma vertiginosa rede de citações, o escritor espanhol Enrique Vila-Matas fez de sua prosa um tributo à literatura. Mostramos nesse artigo como aspecto autobiográfico na obra do autor espanhol se alimenta de um cânone particular, de uma metaliteratura. Para isso, analisamos o romance autobiográfico Paris não tem fim (2003) em que o protagonista é – assim como Vila-Matas – um escritor catalão reconhecido que se prepara para uma conferência enquanto relembra os anos que passou em Paris na década de 1970. A essa história principal serão somadas inúmeras evocações à personalidade do escritor norte-americano Ernest Hemingway e à narrativa de seu romance autobiográfico Paris é uma festa (1964). Vila-Matas revisitará o romance de Hemingway para subvertê-lo e confundir a história do autor norte-americano com a história de seu alter ego. Assim, a intrincada estrutura de Paris não tem fim nos leva a uma série de reflexões sobre o autobiográfico e temas congêneres, como o novo romance histórico, a metaficção historiográfica e a autoficção, nomenclaturas contemporâneas que tentam dar conta das relações entre vida e ficção.

Biografia do Autor

Pauliane Amaral, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Doutoranda em Letras na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul desde abril de 2014. Mestre em Estudos de Linguagens  em 2013 e bacharel em Comunicação Social em 2007 pela mesma universidade. Graduanda em Letras - Português na Faculdade Estácio de Sá (2014-2017).

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Publicado

2017-08-01