A MAÇÃ ENVENENADA: GESTOS DE AUTOR, CORPO E OBRA ENTRE HERBERTO HELDER E KURT COBAIN

Autores

  • João Luiz Teixeira de Brito Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura - UFBA

Resumo

O presente artigo discute o romance A maçã envenenada (2013) do escritor brasileiro Michel Laub, com vistas à discussão de fenômenos relativos aos conceitos de autor e obra, suscitados pelo texto literário contemporâneo, de modo que os limites entre um e outro se vejam contemporaneamente borrados, confusos ou virtualmente obliterados. Esses fenômenos tornam-se relevantes na obra do romancista, uma vez que sua escrita de cunho intimista joga com os limites do confessional, do historiográfico e do literário, entre as possibilidades de objetividade e subjetividade na linguagem. Outros operadores necessários, como os de corpo, gesto e morte (concernentes aqui no que diz respeito àquilo que é propriamente literário ou artístico, embora não limitados a isto), entram em questão com a inserção de diálogos paralelos entre o romance de Laub, a escrita do poeta português Herberto Helder e a vida e obra do cantor norte-americano Kurt Cobain. O debate é também mediado pelas discussões prévias de autores como Michel Foucault, Roland Barthes, Rosa Maria Martelo e, principalmente, Giorgio Agamben.

Biografia do Autor

João Luiz Teixeira de Brito, Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura - UFBA

Graduado em Letras Português-Inglês pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Letras, pela mesma instituição, com pesquisa na área de Literatura Comparada relacionada às adaptações fílmicas de obras da Literatura Beat norte-americana, em particular as obras Howl e On the road. Doutorando em Letras, na área de Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura, com pesquisa sobre cultura pop contemporânea, especificamente, sobre a vida e obra do cantor e compositor norte-americano Kurt Cobain.  

Referências

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Publicado

2017-08-01