MULHERES, FAMÍLIA E LOUCURA EM O FUNIL DO DIABO, DE JÚLIA LOPES DE ALMEIDA

Autores

  • Gabriela Simonetti Trevisan Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Resumo

O presente artigo aborda a obra O Funil do Diabo (2015), da escritora carioca Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), escrita entre os anos 1930 e 1934. A obra trata do sumiço de rolos de libras do cofre do marido de  Juliana, que  busca investigar o ocorrido, desconfiando das pessoas e  de  sua  própria  sanidade. Na  trama, emergem personagens como o reservado padrasto da protagonista, psicólogo que hipnotiza os pacientes, André, o marido impulsivo de Juliana  que  mantém  uma  fábrica  próxima  à  casa, e também a  mãe e a prima  da  protagonista, que  a  ajudam  a  desvendar o suposto  crime, não  sem  antes  se  tornarem  parte  de  intrigas. O clima de mistério é também produzido pela geografia do lugar onde se passa o enredo, isto é, pelo penhasco nos arredores da casa, cuja formação rochosa ganha o nome de Funil do Diabo. De cunho investigativo e permeado por tensões, o romance trata dos conflitos familiares e da loucura, com o  protagonismo das mulheres.  A  partir de uma análise feminista e histórica, pensando em  especial os discursos médicos da época sobre a loucura, busco analisar  as críticas engendradas pela autora com a trama e seu desfecho.

Biografia do Autor

Gabriela Simonetti Trevisan, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Gabriela Simonetti Trevisan é bacharel e licenciada em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestranda em História Cultural na mesma instituição, com apoio da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e orientação da professora doutora Margareth Rago. Suas pesquiss se dão com o aporte de teorias feministas e Michel Foucault, abordando literatura, subjetividades, feminismo, contracondutas, gênero, discurso médico e Brasil República, com enfoque na escritora Júlia Lopes de Almeida. Pertence ao Grupo de Estudos Mulheres de Letras: escritoras do século XIX e XX, Brasil, Europa e África e é membro dos Historiadores Independentes de Carioba.

Referências

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Publicado

2019-01-19