NEM MONSTRO, NEM FERA, UM PROTÓTIPO: RETALHOS DE UM CORPO NA POESIA DE ELISE COWEN

Autores

  • Emanuela Carla Siqueira Universidade Federal do Paraná

Resumo

A Geração Beat, um embrião da contracultura estadunidense nos anos de 1950, foi um movimento literário caracterizado pela homossocialidade. Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs influenciaram gerações seguintes na negação do status quo e escreveram se opondo ao cânone. Em contraponto, boa parte das mulheres desse meio tiveram suas obras, e até mesmo memórias, negligenciadas pelos seus pares. Aqui, pretende-se mostrar brevemente como as escolhas estéticas, em um único poema, da estadunidense Elise Cowen (1933-1962), que circulou no meio Beat e viajou com o grupo, funcionam como metáforas não apenas de seu corpo e voz como escritora, mas também passam longe da estética conhecida como Beat, ao passo que ritmo e temática estão presentes em cada verso. I Took the Skins of Corpses, poema mais longo do caderno sobrevivente da autora, além de revisar o cânone, faz uso de figuras clássicas como o monstro criado por Victor Frankenstein, de Mary Shelley, e a métrica de balada de Emily Dickinson. Os versos constroem uma espécie de novo corpo poético, um protótipo de uma voz, ou eco, específica na autoria de mulheres. Ancorando-se nas reflexões da crítica literária feminista pretende-se aqui elaborar a ideia de criação de uma voz, da costura entre poeta e a escrita.

Biografia do Autor

Emanuela Carla Siqueira, Universidade Federal do Paraná

Mestranda em Letras - Estudos Literários, na linha de pesquisa Alteridade, mobilidade e tradução da Universidade Federal do Paraná

Referências

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Publicado

2019-01-19