A ESCRITURA QUEER DE JOÃO GILBERTO NOLL INVADE O MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO

Autores

  • Mayana Rocha Soares UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
  • Márcia Rios da Silva Universidade do Estado da Bahia

Resumo

Este artigo tem por finalidade discutir a noção de escritura queer em Canoas e marolas (1999), Sou eu! (2009) e Anjo das ondas (2010), produções literárias do escritor gaúcho João Gilberto Noll que mais atendem às estratégias de comercialização e ampliação de público, largamente empregadas por diferentes casas editoriais. Tendo conquistado reconhecimento e prestígio junto a uma comunidade de leitores cultos e a instâncias legitimadoras da chamada literatura canônica, Noll publicou romances que alcançaram uma expressiva aceitação por parte de um público maior, sem que isso tenha abalado o seu capital simbólico acumulado ao longo da carreira literária. Neste trabalho, parte-se da compreensão de que o escritor produziu um conjunto de textos, quer sejam denominados eruditos, quer sejam considerados comerciais, que pode ser lido a partir da noção de escritura queer, ou escritura da diferença, elaborada por Helder Maia (2014), a qual põe em questionamento, tornando-se dissidente, o regime político heteronormativo dos corpos, na recusa às normalizações de sexualidade e gênero.

Biografia do Autor

Mayana Rocha Soares, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Doutoranda em Literatura e Cultura (PPGLITCULT/UFBA). Mestra em Estudo de Linguagens (PPGEL/UNEB). Graduada em Letras e Ciências Sociais (UNIJORGE E UFBA, respectivamente). Atualmente, é professora substituta do Instituto de Humanidades da Universidade Federal da Bahia.

Márcia Rios da Silva, Universidade do Estado da Bahia

Doutorado em Letras e Lingüística pela Universidade Federal da Bahia, Brasil(2002)
Professor Pleno da Universidade do Estado da Bahia , Brasil

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Publicado

2018-11-03

Edição

Seção

Estudos Literários