Cartas não enviadas: os limites de intimidade e publicidade da cultura punk nas cartas de Kurt Cobain

Autores

  • João Luiz Teixeira de Brito PPGLitCult - UFBA

Resumo

Uma carta não enviada é de fato uma carta? O que há de se dizer quando não há receptor algum, pois as cartas nunca foram enviadas, nunca encontraram seus destinatários, quem sabe, indo parar no Dead Letter Offices, onde certo escriturário ficcional, certa vez, trabalhou? Elas, as cartas, ainda assim existem, seus corpos persistem. Seriam, contudo, cartas? E o que dizer de uma carta suicida endereçada a um amigo imaginário de infância? Esse artigo se dedicará a explorar algumas missivas escritas e nunca enviadas pelo compositor norte-americano Kurt Cobain para vislumbrar em sua análise o debate entre a intimidade e publicidade notórias no gesto da grafia desses materiais. Utilizando a analogia ao personagem de Herman Melville em Bartleby, o escrevente e conceitos retirados das obras de Carrie Jaurés Noland, Liliana Coutinho e Arthur Rimbaud, farei um esforço para colocar em termos literários um debate corporal que se estabelece entre indivíduo e sociedade, na gana comunicativa da performance artística, e cujo argumento pendular mediador da fala será exatamente a imagem das cartas não enviadas

Biografia do Autor

João Luiz Teixeira de Brito, PPGLitCult - UFBA

Graduado em Letras Português-Inglês pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Letras, pela mesma instituição, com pesquisa na área de Literatura Comparada relacionada às adaptações fílmicas de obras da Literatura Beat norte-americana. Doutorando em Letras, pela Universidade Federal da Bahia, na área de Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura, com pesquisa sobre cultura pop contemporânea, mais precisamente, sobre a vida e obra do cantor e compositor norte-americano Kurt Cobain.

Referências

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Publicado

2019-07-30