Silenciosa violência em Não falei, de Beatriz Bracher

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Resumo

A violência é uma marca permanente do estado brasileiro, mas o registro e a discussão pública de suas consequências não são práticas comuns à história do País. A literatura, como via que compõe a memória coletiva, é capaz de representar o mundo em uma reação contra apagamentos históricos. Nesse sentido, o romance Não falei (2017), da autora Beatriz Bracher, apresenta o ponto de vista de um linguista aposentado sobre a ditadura militar, período em que foi brutalmente torturado. Muitos anos depois, ele rememora os acontecimentos e reflete sobre sua hesitação em elaborar os traumas através da linguagem. Considerando tal configuração narrativa, investigamos o romance a partir de dois aportes teóricos: a violência, conforme a sistematização de Ginzburg (1999, 2012, 2017), e o silêncio, como produto dessa violência, de acordo com o pensamento teórico de Holanda (1992) e Barthes (2003). Concluímos que a violência modificou radicalmente a relação do narrador com a linguagem, causando, nele, uma hesitação que tende sempre ao silêncio. Para a análise, utilizamos o procedimento dialético de Candido, considerando a produção literária como um código linguístico capaz de trazer, a sua maneira, um conteúdo de natureza social e política.

Biografia do Autor

Gabriella Kelmer, UFRN

Mestranda em Estudos da Linguagem, na área de Literatura Comparada, pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL), vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Derivaldo dos Santos, UFRN

Doutor em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (2006), é professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde leciona Literatura Brasileira no Curso de Letras e atua como professor e orientador dos cursos de Mestrado e Doutorado em Literatura Comparada no Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL/UFRN) e no PROFLETRAS/NATAL.

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Publicado

2020-11-03

Edição

Seção

Estudos Literários