A METAPOÉTICA DE HILLÉ: METÁFORAS DO LABOR ARTÍSTICO EM A OBSCENA SENHORA D (1982), DE HILDA HILST
Resumo
Neste trabalho, discutimos as presenças de uma metalinguagem do labor artístico no romance A obscena Senhora D (1982), de Hilda Hilst, a partir de uma explanação convergida a quatro aspectos distintos: a construção textual turva e complexa como transcrição poética de um embate de pensamentos, advindos de uma personagem em busca de um saber primordial metaforicamente relacionado à autossuficiência de uma obra de arte; o erotismo escrachado, dito “pornográfico”, presente na segunda fase dos escritos hilstianos, como estratégia de supressão (fomentada pela imagem de Ehud) das complexidades intelectuais comuns a um artista em estágio de criação; a figura do Outro, inalcançável, inominável, enquanto representante dos também inalcançáveis e inomináveis receptores, consumidores e críticos de um objeto artístico; e, por fim, estratégia estilística (ainda que em flashes), salientada por tons de revolta e ironia, para a construção de uma escrita supostamente facilitada para a compreensão por parte do público em geral, em resposta às acusações de hermetismo nos escritos anteriores de Hilda Hilst. Para isso, valemo-nos, sobretudo, da noção de escritura fragmentária de Blanchot (2010), das relações de falta e completude que permeiam a criação artística, expostas por Perrone-Moisés (2006), e do horizonte, apontado por Eco (2007), de possibilidades interpretativas inerentes ao texto literário, que cobram do leitor uma postura coativa no processo de significação das palavras poéticas.
Publicado
2017-11-08
Edição
Seção
XXXVI Encontro de Iniciação Científica
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