COMPREENSÃO DOS PAPÉIS TEMÁTICOS DE VERBOS PSICOLÓGICOS: EVIDÊNCIAS DA MOVIMENTAÇÃO OCULAR DE CRIANÇAS EM PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

Autores

  • Ana Paula Martins Alves
  • Maria Elias Soares
  • Elisângela Nogueira Teixeira
  • Maria Elias Soares

Resumo

Tomando como pressuposto os princípios do Programa Minimalista (CHOMSKY, 1995), assumimos que as informações relevantes para a aquisição da linguagem, bem como para a análise sintática e interpretação semântica estão disponíveis nos níveis de interface dos sistemas de desempenho. Assim, dentre um conjunto de itens lexicais disponíveis à aquisição da linguagem, a categoria verbal apresenta-se como complexa para as crianças, tendo em vista seu aspecto relacional e abstrato. Mais especificamente, os verbos do tipo psicológicos expressam uma propriedade abstrata, localizada no sujeito da sentença, e, por isso, acreditamos que estes apresentam-se como mais problemáticos e difíceis à compreensão de crianças em processo de aquisição da linguagem. Desse modo, esta pesquisa teve por escopo examinar a compreensão dos papéis temáticos de verbos psicológicos por crianças falantes do Português Brasileiro em processo de aquisição da linguagem. Para tanto, desenvolvemos um estudo experimental por meio da técnica on-line de movimentação ocular, que contou com a participação de 40 crianças com idade entre 3 e 5 anos. Nosso estudo teve um desenho experimental do tipo 2x2, uma vez que tínhamos duas variáveis independentes manipuláveis, dividindo-se em dois níveis cada uma: papel temático do sujeito e papel temático do objeto. Os resultados preliminares evidenciaram que verbos psicológicos em que o experienciador está na posição de sujeito exigem um menor custo cognitivo de processamento para crianças pequenas, ao passo que aqueles em que o experienciador apresenta-se na posição sintática de objeto exigem maior custo cognitivo. Acreditamos que este resultado se deve, principalmente, ao fato de o verbo, cujo experienciador está na posição de sujeito, apresentar aspecto menos agentivo, o que não causaria uma quebra de expectativa e, por isso, seria mais acessível à compreensão de crianças pequenas.

Publicado

2017-11-08

Edição

Seção

X Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação