EURÍPEDES X GÓRGIAS: O PAPEL DA MULHER NA GRÉCIA ANTIGA

Autores

  • Marcelle Pereira Santos
  • Orlando Luiz de Araujo

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar o papel da mulher na Grécia Antiga do século V a. C. Parte-se da hipótese de que dentro da heterogeneidade dos discursos filosóficos e dramatúrgicos escritos por autores seja possível identificar marcas de um discurso feminista embrionário. Embora a cultura grega seja o berço da cultura ocidental, não se tem um conhecimento satisfatório de como o gênero feminino era representado. O trabalho toma como base a tragédia Electra de Eurípedes e a obra Elogio de Helena de Górgias. Os tragediógrafos Eurípedes, Sófocles e Ésquilo tiveram um papel importante ao eternizarem o mito de Electra em suas obras, dando à personagem vez e voz e, cada um, ao descrever o mito, deu o seu viés artístico, não fugindo da sua essência, mas acrescenta-lhe múltiplos olhares. Há uma troca de valores, pois a mulher é quem assume a posição de chefe, de quem está no comando, coisa que era incomum na Grécia antiga. A Electra de Eurípedes descreveu a mulher representando alguns valores tradicionais para os antigos helenos como a questão do casamento, que tinha como função suprir as necessidades da mulher como moradia e alimentação, além do rebento que seria nobre dependendo da sua ascendência. Na obra Elogio de Helena, Górgias vai utilizar um discurso que escolherá uma mulher para poder representar a visão tida pelos sofistas sobre o gênero feminino através de Helena. A análise comparativa de obras clássicas é complexa; contudo, entende-se que os textos clássicos têm grande importância e muitas vezes o que é retratado neles ainda vigora na contemporaneidade. O discurso utilizado pelas personagens representa uma mulher à frente de seu tempo com uma voz ativa e até impertinente. Essa voz aponta características para o surgimento de um discurso que mais tarde na contemporaneidade será chamado de Feminista.

Publicado

2017-11-08

Edição

Seção

X Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação