POLÍTICA NO INTERIOR: AS VINCULAÇÕES A GRUPOS E OS ASPECTOS SUBJETIVOS DO VOTO

Resumo

O artigo tem por objetivo lançar olhares sobre as práticas e as relações entre políticos e eleitores que se desenvolvem durante as campanhas eleitorais no contexto de um pequeno município do interior do estado do Ceará, situado na Microrregião do Maciço de Baturité. De maneira mais específica, pretende-se analisar as percepções e classificações de eleitores e políticos acerca das vinculações políticas e do voto. Para tanto, segue-se uma perspectiva que tende a contemplar as dimensões subjetivas da política e sua face não-institucional, aquela que se dá para além das fronteiras institucionais dos partidos políticos. A pesquisa ocorre desde o ano de 2014, através de entrevistas e conversas com políticos e eleitores com o objetivo de conhecer as suas visões de mundo sobre política dentro e fora de períodos eleitorais. Buscou-se compreender, principalmente, a partir de categorias encontradas em campo como “ajudas” e “liberado para votar”, a multiplicidade de sentidos que permeiam as eleições e as vinculações a grupos políticos, apontando para a necessidade de se compreender as eleições para além de dimensões institucionais e utilitaristas, a partir de uma visão que abrange aspectos simbólicos do poder, objetivando não restringir as relações políticas ao período eleitoral – visto que elas podem ser reconfiguradas e gestadas ao longo do tempo, possibilitando mudanças nas trocas de apoio e no pertencimento a grupos políticos. Com isso, observa-se que a perspectiva adotada, que prioriza dimensões subjetivas (KUSCHNIR; PIQUET-CARNEIRO, 1999) possibilita adentrar em aspectos simbólicos das relações de poder. Nessa imersão, é possível acessar visões de mundo sobre a política, sendo que esta aparece associada a um circuito de “ajudas” e trocas (MAUSS, 2013), formando uma densa rede (BARNES, 2010; BOISSEVAIN, 2010), que perpassa o tecido social.