A METALINGUAGEM ARTÍSTICA NA PROSA DE HILDA HILST: ARTE E METAFÍSICA ATRAVÉS DO CRASSO

Autores

  • Leiliane Clemente dos Santos
  • KAIO TILLESSE BARROS
  • Cid Ottoni Bylaardt

Resumo

Esta pesquisa discutiu traços de uma metalinguagem do labor artístico no romance A obscena Senhora D (1982), de Hilda Hilst, a partir de quatro aspectos distintos: o fluxo de consciência, com sequências textuais conturbadas acerca da essência das coisas, refletindo um embate de pensamentos de uma personagem em busca de um saber primordial relacionado à autossuficiência de uma obra de arte; o erotismo dito “pornográfico”, comum à segunda fase dos escritos hilstianos, como estratégia de supressão das complexidades intelectuais de um artista em estágio de criação; o Outro, inalcançável e inominável, como representante dos também inalcançáveis e inomináveis consumidores/críticos de um objeto artístico; e a estratégia estilística, ratificada por tons de revolta e ironia, para a construção de uma prosa de fácil assimilação por parte do público em geral, responsória às acusações de hermetismo nos escritos de Hilst, reconhecidos pelas complexas construções linguísticas e narrativas. Demonstrou-se que as marcas de metalinguagem poética no referido romance são resquícios estéticos de uma fase transicional do estilo da escritora, que, até então, possuía produções apenas em gênero poesia. Para isso, utilizou-se a noção de escritura fragmentária de Blanchot (2010), que diz respeito à descontinuidade das narrativas pós-modernas e à instabilidade do indivíduo narrador, características recorrentes na literatura contemporânea; o conceito de Eros — entidade movediça, fugidia, inalcançável — apresentado por Branco (1987); as relações de falta e completude que permeiam a criação artística, expostas por Perrone-Moisés (2006), fundamentadas nos esquemas de experiência estética propostos pela Teoria da Recepção (apresentada por H. R. Jauss, nos anos 1960); e o horizonte, apontado por Eco (2007), de possibilidades interpretativas inerentes ao texto literário, que cobram do leitor uma postura coativa no processo de significação das palavras poéticas.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XXXVII Encontro de Iniciação Científica