"PEDREIRA DAS ALMAS" NO RASTRO DE "ANTÍGONA": APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTO DO TRÁGICO

Autores

  • Renato CÂndido da Silva
  • Orlando Luiz de Araujo

Resumo

Bornheim(2007)salienta que estudar os antigos e modernos possibilita compreender a essência da tragédia, pois a comparação com os antigos nos permite aquilatar o sentido da evolução do trágico e medir o que permanece constante e o que difere desse constante. Diante disso, esta pesquisa busca investigar a presença da tragédia "Antígona" (442 a. C.), de Sófocles, no teatro brasileiro moderno e contemporâneo. Foram catalogadas, durante este estudo, quase duas centenas de reescrituras de "Antígona", sendo que dessas, trinta e sete são brasileiras. Mas, para esta pesquisa, optou-se analisar, por meio de um recorte, "Pedreira das Almas", de Jorge Andrade, cuja obra apresenta uma particularidade dentro do campo das reecrituras, que diz respeito ao fato de diálogar com "Antígona" de modo implícito, bem como por apresentar o duplo contexto: o da escrita e o da ação performativa que, no caso, corresponde à Revolta Liberal de 1842. Nessa conjuntura,"Pedreira das Almas" está localizada, no âmbito da ação dramática, em um período conturbado da história brasileira – notadamente marcado por profundas transformações sociais –, e é justamente por conta disso que Antígona passa a ser um símbolo de resistência contra a tirania. Diante dessa assertiva, é basilar pensar o rastro de "Antígona" não apenas por dialogar com a tragédia sofocliana, mas também pensar que o rastro está presente em outros contextos de feições históricas. Assim, pensando no protagonismo dado à filha de Édipo, como símbolo de resistência, e levando em consideração o duplo contexto, faz-se necessário analisar outras obras, tais como: "Uma viagem pelos mundos de Antígona" (2015), de Calixto de Inhamuns; "Cantares para nossas Antígonas" (2002), de Fauto Fuser e "O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto e outras poéticas do amor (2017), de Ângela Linhares. Como aporte teórico, destacam-se: Bornheim (2007), Szondi (2001) Williams (2002), Camus (1970), dentre outros.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XI Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação