ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA DA OBRA A HORA DA ESTRELA: UMA ANÁLISE BASEADA EM LUKÁCS
Resumo
O presente artigo se propõe fazer por meio da pesquisa bibliográfica, uma análise comparada do livro A hora da Estrela (1977), de Clarice Lispector e sua adaptação no filme homônimo realizada pela diretora Suzana Amaral (1985). Partindo da defesa de Bazin (2014) no seu texto, Por um cinema impuro – defesa da adaptação, que mesmo datando de publicação em 1952, mostra-se completamente atual, realçamos a utilização da literatura por parte do cinema como forma de engrandecer ambas as linguagens estéticas, tendo por base ainda uma categoria de análise fílmica, apresentada por Lukács na sua Estética (1963), (1982), sendo ela denominada como meio homogêneo, que tem na imagem-sonora em movimento e na construção de um mundo homogêneo, extracotidiano, seu campo de significação na película. O meio homogêneo é o que confere estatuto de arte autêntica a uma obra, visto ser ele que permite o trânsito do receptor da obra, entre cotidiano e um rasgo, uma elevação desse cotidiano através da vivência estética. Toda linguagem estética carrega a possibilidade de construir por intermédio do meio que lhe é próprio, com especificações e determinações inerentes, o mundo peculiar, que unifica conteúdo e forma, e assim refigura o universo humano. Nesse sentido, para além da demarcação de elemento criador específico de determinada linguagem artística, o meio homogêneo é o que define a potencialidade humanizadora da obra. O texto busca ainda, evidenciar os entrecruzamentos e a concretização da poesia contida no texto literário de Lispector, adaptada para as telas do cinema por Amaral. Ressaltando assim, a inerência da literatura e do cinema como linguagens especificas de recriação do mundo humano através da arte que não empobrece nenhuma das duas linguagens artísticas esses entrecruzamentos e diálogos concretizados em películas cinematográficas.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XI Encontro de Docência no Ensino Superior
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