OS USOS DO RISO NOS PROCESSOS DE ENSINO/APRENDIZAGEM: UM ESTUDO ETNOGRÁFICO EM SALA DE AULA.
Resumo
Este estudo busca compreender os usos do riso no ambiente educacional a partir da perspectiva das teorias da antropologia, da performance e da palhaçaria. Para tal, foi desenvolvida pesquisa etnográfica em duas turmas da disciplina Antropologia da Educação ministradas pela professora Bernadete Beserra, no curso de Pedagogia. Através de performances cômicas realizadas em sala de aula e a partir dos registros do/as aluno/as em diários de campo. Sobre os resultados, foram elaborados questionamentos acerca dos usos da comicidade no contexto observado, considerando que a derrisão esteve vinculada também a emoções como vergonha, ansiedade e medo. Desse modo, ainda que o risível desperte sentimentos e significados que remetem à descontração e alegria, no contexto das aulas, a sua aparição esteve também vinculada a discussões e tensões. Com isto, o presente estudo aponta para o lugar derrisório da experiência docente, uma vez que no campo de pesquisa, observou-se as culminâncias do riso relacionadas às ações e reações da professora nos seus próprios divertimentos, piadas e histórias, no que aqui estou denominando ‘auto-derrissão’. Destarte, convoco a noção de ‘comicidade de caráter’, sugerida por Bergson (2004), para refletir sobre os fenômenos observados, tendo em vista que os risos provocados nos alunos se davam quando estes percebiam, através da expressão da docente, que a mesma era “gente como a gente”, capaz de sentir-se envergonhada, indagar-se, equivocar-se e, no caso, rir de si mesma. Portanto, a pesquisa formulou a hipótese de que as anedotas e os “causos” contados pela professora, a fim de ilustrar suas explicações, configuraram-se como ferramentas derrisórias para a aprendizagem dos conteúdos da disciplina.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XI Encontro de Docência no Ensino Superior
Licença
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