ARQUEOLOGIA DO LIXO - IMAGENS INVESTIGATIVAS

Resumo

Nesse trabalho, busco relatar visualmente uma performance acontecida em março de 2019, intitulada Arqueologia do Lixo. Essa prática apresenta-se como uma via de discutir gênero e ecologia por meio da montação. A ação compõe uma série de programas em uma pesquisa de Mestrado no PPGArtes (UFC). O macroprojeto tem como intuito debater sobre gênero, ecologia e criação por meio de metodologias performativas, buscando encontrar novos paradigmas para a existência. Assim, entende-se aqui a pesquisa e a performance como um processo de afirmação e percepção da sua existência. Essas práticas operam na busca por uma desmecanização das conexões corpo-espaço, buscando maneiras outras de estar em contato com o mundo e consigo mesmo. A partir dessas inciativas, construo uma trajetória friccional entre arte, ética e estética a partir da vida e da performance, sobretudo lidando com a minha vivência enquanto pessoa trans e artista. Nesse sentido, atritam-se aqui os paradigmas éticos assujeitadores e as noções contemporâneas da existência, especialmente aquelas que salientam vivências dissidentes, borradas, monstras, descontínuas e experimentais (COHEN, 2000). A limpeza referida faz parte de uma série de iniciativas coletivas de movimentos/coletivos socioambientais fortalezenses. A perspectiva, para além de realizar uma ação direta de impacto ambiental em uma área fragilizada que são as dunas fortalezenses, é criar uma plataforma de friccionamento e tensionamento das figuras binárias de gênero, fornecendo outras referências de existência no mundo. Apresento aqui fotografias editadas da ação, dispostas como um esquema arqueológico-investigativo. Nessa busca, protagonizada por uma pessoa trans, a edição enfatiza os questionamentos e inquietações desse segmento populacional. Assim, uma "Arqueologia do lixo" também configura-se como uma arqueologia de si e daquelas que estão próximas, em lutas conjuntas