CARTOGRAFIA POLÍTICA DO CU: MARCA REGISTRADA DE UMA ANALIDADE DECOLONIAL

Autores

  • Yuri Patrick Oliveira Marrocos
  • Lygia Maria Bessa Titara
  • Gesailton Yago Lucio de Lima
  • Aluisio Ferreira de Lima

Resumo

A partir da obra "Marca Registrada", da pesquisadora e artista Letícia Parente, e da releitura dessa obra "cuzinho decolonial", do grupo performático Agouro Coletivo, traça-se uma pesquisa que tem como o cu o principal objetivo teórico. Falar sobre o cu em um trabalho científico pode parecer, em uma primeira análise, um atentado terrorista contra a moral e os bons costumes que regem uma sociedade heterocentrada. O paradigma cientifico colonial debruça-se sobre a epistemologia produzida acima do baixo-ventre, ou seja, despreza a possibilidade do cu de produzir conhecimento. Desta forma, esse trabalho visa construir, e reunir construções teóricas, que partam do cu e que ponham esse dispositivo como centro de discussão política, social, acadêmica e artística. Pensar o cu não como órgão excretor, mas como uma instância que produz subjetividade, que compõe identidades e que tece afetos. Em 1975, Letícia Parente realiza sua performance "Marca Registrada", onde costura na palma do seu pé, a partir de uma brincadeira nordestina, as palavras Made in Brazil. Em 2019, o grupo de arte performática Agouro Coletivo, em uma releitura da obra da artista, grava o experimento audiovisual "cuzinho decolonial", onde um dos artistas tatua no seu ânus os mesmos dizeres - Made in Brazil - tecendo uma crítica, através do trabalho artístico e intelectual de Parente, à colonização e ao modelo de subjetivação heterossexual. Enquanto proposta artística e teórica, entende-se que essa pesquisa não visa chegar em um resultado específico, mas investigar lacunas que foram deixadas por toda a produção científica que rejeita o cu. É preciso colocar a questão anal na pesquisa, romper com os silêncios deixados pela heterossexualidade e apropriar-se dos dispositivos de controle sexuais, tatuar no âmago da colonização a insurgência política queer.Agradeço a Prae e a CNPq pela bolsa creditada, dando assim a possibilidade de ser pesquisador em um contexto de desmonte da ciência.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

VI Encontro de Cultura Artística