GRAFIAS E HISTORICIDADES: PAREDES DO ICA

Resumo

Pensar as paredes do ICA como objeto de estudo parte das relações corpo e espaço. As intervenções contidas são fruto de manifestações com as mais diversas intenções feitas tanto por estudantes do Instituto de Cultura e Arte, como pelos “estrangeiros que também habitam essas terras”. Observações feitas em paredes que foram pintadas nos períodos de 2016 a 2019, revelaram uma mudança nos discursos e motivos desenhados que estavam em voga em cada ano. A partir de 2018, as inscrições nas paredes passaram a “atropelar” umas às outras, com riscos por cima, circulações, sublinhados, setas e respostas. O diálogo entre as mensagens estava ficando mais “inflamado”. E o porquê disso? Em novembro de dezembro de 2019, no ICA, essa pergunta, e tantas outras sobre os grafismos urbanos foram tratadas por meio de rodas de conversa e entrevistas para colher informações a respeito dessas práticas tão comuns na paisagem urbana. Traçamos inúmeras possibilidades que justificavam a mudança de grafismos que faziam declarações sobre si, sobre identidade e liberdade, que passaram a virar um “enfrentamento de figuras políticas”. Os grafismos trazem pautas recentes, e acompanham as movimentações políticas, tendo grafites criticando o governo de Temer em 2016/2017, Bolsonaro em 2018 e o atual Reitor Cândido, em 2019. Buscar compreender essas inscrições nas paredes permitem obter uma historicidade do que acontece no Instituto de Cultura e Arte, saber um pouco de quem transita por aquele espaço e constrói as discussões em salas de aula. Uma vez que abrimos a discussão sobre que estava sendo feito, e investigamos as intenções por trás de cada risco compreendemos a importância de manter esse canal de diálogo e pensando sobre a maneira como essas paredes vem sendo ocupadas construímos um mural como forma de fomentar a discussão, incentivar o fazer artístico e intervir no espaço acadêmico com objetivo de embelezar e propor outros ângulos de visão.