DO TERREIRO AO MAR: A ANTROPOLOGIA DA PEREGRINAÇÃO DA FESTA DE IEMANJÁ EM FORTALEZA

Resumo

O intento deste estudo é compreender a Festa de Iemanjá de Fortaleza como um cenário de afirmação étnico-religiosa, em percurso por mais de 50 anos, averiguando a relevância da crescente presença da Umbanda no campo religioso local e as decorrentes relações amistosas (e não amistosas) com grupos, entidades religiosas e o Estado, através de suas peregrinações rumo ao mar para celebrar a Deusa do Mar, Iemanjá. Além disso, visa problematizar os processos, percursos e rituais que os terreiros de Umbanda cearense realizam para peregrinar de seus locais de origem rumo à Praia do Futuro, identificando, desta forma, as singularidades da Festa de Iemanjá de Fortaleza. Trata-se, pois, de uma pesquisa qualitativa, de abordagem etnográfica que usou como instrumento de construção dos dados a observação participante e o uso da fotografia para construir narrativas da antropologia visual. O estudo permitiu realizar uma “etnografia da peregrinação”. Para além da festa em si, analisou-se o trânsito dos adeptos antes do evento, os elementos preparatórios e os ritos preliminares. As observações, as anotações em caderneta de campo, os registros imagéticos em foto e vídeo e as interlocuções concedidas pelos colaboradores da pesquisa: Mãe Tecla de Oxóssi, Mãe Mocinha de Oyá e Mãe Taquinha de Oyá, revelam um entendimento mais conciso a respeito das concepções das práticas religiosas e do movimento religioso da Umbanda na cidade de Fortaleza. Os resultados apresentados nesta pesquisa descrevem alguns detalhes, falas e situações, e a peregrinação específica de cada uma das interlocutoras da pesquisa. Deste modo, as peregrinações religiosa, política e biográfica se situam no estudo enquanto elementos de tradição da Umbanda em Fortaleza e, sobretudo, enquanto momento em que a Umbanda está personificada na figura de três mulheres que protagonizam a Festa de Iemanjá de Fortaleza.