A REDENÇÃO DE CAM: DISCUSSÕES DE RAÇA POR UM VIÉS SEMIÓTICO
Resumo
A presente pesquisa faz uma análise semiótica do quadro “A Redenção de Cam” (1895), produzido por Modesto Brocos em um período pós-escravidão no Brasil. A pintura está inserida em um contexto conflituoso no qual teorias eugenistas foram fortemente difundidas, e estabelece relações intertextuais com base em uma estrutura narrativa contextualizada por elementos bíblicos que serviram para justificar e embasar a escravidão dos povos negros. A pintura vem sendo utilizada como ferramenta tanto para fundamentar tais teorias quanto para, em contraponto, expô-las ou criticá-las, o que torna ambivalente as referências ao quadro. Objetiva-se, então, com esta pesquisa, analisar os elementos do quadro e discutir se nele há a afirmação ou apenas a exposição, por vezes crítica, de tais teorias eugenistas. A partir de conceitos da Semiótica Discursiva e de alguns de seus desdobramentos na contemporaneidade, este trabalho faz uma análise sincrética da pintura, texto visual, e de seu título, texto verbal, tendo como base teórica os textos de Greimas, Zilberberg, Diana Barros, Fiorin e Pietroforte. A partir da literatura e dos métodos semióticos aplicados, foi possível verificar a influência e a asserção de teorias eugenistas no quadro, que afirma a existência de uma maldição sobre os povos negros africanos e que a libertação destes só seria possível mediante ao embranquecimento da linhagem familiar. Este trabalho foi desenvolvido na disciplina de “Semiótica Discursiva” da graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob orientação do prof. Dr. José Américo Bezerra Saraiva.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Experiências Estudantis
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