FACILITAÇÃO EM CACTACEAE NAS ÁREAS DUNARES DA LAGOA DO CAUÍPE, CEARÁ.

Resumo

As regiões dunares, caracterizadas por vegetação típica e solo arenoso, são áreas de grande estresse ambiental, tornando assim necessário que haja facilitação planta–planta para que espécies menos tolerantes às altas radiações se estabeleçam. O estudo teve como objetivo verificar a facilitação por arbustos com a hipótese de que arbustos com maior cobertura de copa propiciam um ambiente mais ameno, diminuindo a incidência de luz e a temperatura do solo, ajudando na germinação e no estabelecimento da espécie Pilosocereus catingicola (Gürke) Byles & Rowley, subsp. salvadorensis (Werderm.) Zappi. O estudo foi conduzido nas proximidades da Lagoa do Cauípe, formada pela foz do Rio Cauípe, localizada a 6 km da Praia do Cumbuco, na cidade de Caucaia-CE. Para a análise foram selecionadas 9 moitas arbustivas, sendo elas divididas em 3 grupos: moitas mortas (sem folhas, só galhos), moitas senescentes (com copa aberta) e moitas vivas (com copa fechada). E a partir disso, foi quantificado o número de indivíduos de P. catingicola que se encontravam crescendo sob os arbustos. Foram contabilizados a seguinte quantidade de indivíduos: 3 em moitas vivas, 21 em moitas senescentes e 32 em moitas mortas. Os resultados obtidos não corroboram a hipótese que previa encontrar o efeito facilitador maior em moitas vivas. Assim, sugerimos que os cactos necessitem de maior intensidade de luz para germinar e se estabelecer, assim, ocorrendo em altos números em moitas senescentes e mortas, visto que copas mais abertas possibilitam os níveis de luz ideais para elas. Outro fator que pode ter prejudicado a sobrevivência da espécie nas moitas vivas seria a competição com outras espécies que também estariam sendo afetadas pelos efeitos facilitadores e até mesmo com o próprio arbusto. Visto que, os cactos não são bons competidores eles não aguentariam a pressão da competição. Conclui-se que a facilitação ocorre com arbustos colonizadores senescentes e mortos.