EXERCÍCIO DE ANÁLISE SEMIÓTICA DO POEMA A ESPERA DOS BÁRBAROS
Resumo
Nosso escopo é elaborar um exercício de análise semiótica do poema A espera dos bárbaros, de Konstantinos Kaváfis, inscrito em 1904 e de publicação póstuma. O exercício se justifica por três razões. A primeira razão é que procuramos contribuir, assim como fez Tati (2001), para reduzir a distância que, de um modo geral, costuma separar a teoria da prática analítica. A segunda razão é que o texto também se fundamenta na reflexão que elaboramos acerca do contrato fiduciário, entendido aqui como uma relação entre o fazer persuasivo do destinador e a adesão do destinatário (GREIMAS; COURTES, (1979)2016), já que, no nível narrativo do percurso gerativo do sentido do poema, o destinatário-sujeito, figurativizado pelo "povo" e pelas várias autoridades, deseja e, mais ainda, acredita poder entrar em conjunção com o objeto de valor, manifestando um arranjo modal que concretiza no nível discursivo a antecipação das paixões relaxadas da confiança e da satisfação. Esse arranjo modal é resultado de um crer-verdadeiro que um actante atribui ao discurso-enunciado de outro. Em outras palavras, o efeito de sentido gerado nas primeiras estrofes do poema - o crer verdadeiro - é de que os bárbaros virão até a cidade para solucionar os problemas dela. É em decorrência desse crer que o destinatário é modalizado pelas paixões relaxadas. Porém, uma vez que o contrato não é cumprido, como ocorre no poema, as paixões relaxadas cedem lugar às paixões tensas da aflição e insegurança. Esse movimento contribui para o efeito de sentido disfórico gerado com a quebra do contrato estabelecido. Por fim, queremos apresentar uma análise especificamente semiótica sobre um texto que, apesar de produzido em 1904, ainda hoje é utilizado para ilustrar a relação do homem com os contratos que ele firma ao longo da vida.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
IV Encontro de Iniciação Acadêmica
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