PSICANÁLISE & CIÊNCIAS SOCIAIS: TEMAS CONTEMPORÂNEOS

Resumo

Assistimos hoje à emergência de uma série de questões envolvendo políticas do sofrimento cotidiano (Dunker,2017), com a produção de sistemas de objetificação e de silenciamento das subjetividades em sistemas peritos de saber e em práticas de assujeitamento induzidas por fluxos neoliberais capitalísticos (Lazzarato, 2006; Negri, 2015). Associando-se ao agenciamento médico-midiático das subjetividades capturadas por aqueles fluxos, assiste-se hoje ao recrudescimento do debate antidemocrático, com a imposição de convicções pré-científicas e de teor autoritário na compreensão de questões políticas cruciais, envolvendo crianças, mulheres, famílias, direitos sexuais, saúde e doença, criminalização da alteridade, práticas de expropriação de trabalho e de sentido da existência. A psicanálise mostrou-se histórica e epistemologicamente como um discurso contrário às modalidades de agenciamento biopolítico (Foucault, 1988) e psicopolítico (Han, 2018) em curso, constituindo-se assim como importante marco civilizatório, indispensável à sobrevivência das subjetividades e à insurgência contra formas de apagamento das singularidades (Kristeva, 2000). Torna-se, portanto, fundamental voltar aos textos clássicos de Freud, recuperando sua potência contra o silenciamento e a denegação de que tem sido alvo (Derrida, 2001; Roudinesco; 2011; 2000). A atividade extensional que propomos pretende, assim, constituir-se como espaço de circulação transversal e interdisciplinar de discursos, aproximando a comunidade acadêmica (docentes, técnicos e estudantes), o movimento psicanalítico local e a sociedade em geral. Sabemos que essa circulação de saberes, razão de ser da Universidade, ainda é um desafio, daí a importância da proposta dessas conversas extra-muros. O Projeto insere-se num conjunto de outras atividades desenvolvidas no âmbito da graduação e da pós-graduação do Departamento de Ciências Sociais, envolvendo propostas voltadas ao ensino, à pesquisa e à extensão.