1ISOLDA- DAMA E BRUXA:REPRESENTAÇÕES FEMININAS RESIDUAIS

Resumo

O presente trabalho apresenta uma proposta de análise comparativa da personagem literária Isolda, de Joseph Bédier com o imaginário feminino celta e medieval. Verificou-se que Isolda é uma personagem que ora se apresenta como a típica dama medieval, ora é caracterizada como detentora do conhecimento de manipulação de ervas e criadora de filtros mágicos, características atribuídas na Idade Média ao que denominava-se, então, bruxa. Desse modo, os textos de Bédier e fragmentos de textos celtas e medievais de que se tem conhecimento, bem como de costumes e tradições desses períodos, serão analisados à luz da Teoria da Residualidade, capaz de abarcar elementos culturais e históricos. Tal teoria diz respeito à investigação de elementos de uma determinada cultura que se perpetuam em outra, ganhando ressignificação. Desse modo, realizou-se um estudo sobre a personagem Isolda, caracterizando-a como personagem dinâmica e protagonista no nível de Tristão, diferentemente do que se observa ser comum; buscou-se evidenciar as facetas bruxa e dama a partir dos imaginários celta e medieval, relacionando e comparando Isolda a tais imaginários. Nesse sentido, perceberam-se os traços residuais cristalizados com o tempo, pois na obra de Bédier há constantes marcas residuais do medievo e da cultura celta e, sobretudo, no que tange à visualização da mulher. São elementos histórico-culturais que se apresentam com frequência na obra, pois a cultura traz consigo marcas deixadas pelos antepassados e alguns resíduos se perpetuaram no inconsciente que se cristaliza na mentalidade e ressurge constantemente.