A ESCUTA PSICANALÍTICA NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS AUTISTAS

Autores

  • Ricardo Pinheiro Maia JÚnior
  • Caciana Linhares Pereira

Resumo

O presente trabalho apresenta um recorte do percurso realizado no primeiro ano de doutorado que tem como temática central a articulação entre a psicanálise e o autismo. Especificamente, partindo de um recorte teórico das diferentes concepções de autismo no viés lacaniano, pretende-se estabelecer como a práxis psicanalítica se presta ao tratamento de crianças autistas. Isto é, no contexto psicanalítico, como se escuta o sujeito nessa posição? Nas referências de psicanálise freudo-lacaniana, não há um consenso sobre a constituição dos autismos. Então, no interesse de articular as diferentes concepções do autismo, toma-se alguns autores como pertinentes para uma discussão teórica. Marie-Christine Laznik, com toda sua articulação entre teoria e prática clínica, relaciona a constituição do sujeito autista e de sua imagem corporal ao desenvolvimento do circuito pulsional com seus impasses e, também, convoca as figuras parentais a um tratamento conjunto. Além disso, realiza uma articulação entre a prática psicanalítica e a saúde pública. Jean-Claude Maleval, pesquisador e psicanalista francês, realiza uma leitura crítica de relatos autobiográficos de autistas e, com um diálogo com a prática clínica, desenvolve a importância da noção do duplo, da borda e dos objetos autísticos dentro dos tratamentos possíveis com autistas. Outro psicanalista francês, Jean-Michel Vivès, é importante para a discussão, pois seus estudos mais recentes apresentam a noção do ponto surdo para a constituição subjetiva na relação com o Outro e, além disso, produz a nível teórico uma leitura sobre a voz na clínica psicanalítica e sua relação com o campo psicopatológico. Neste percurso inicial, consegue-se propor uma diferença entre os autismos e as psicoses numa leitura psicanalítica, assim como um mapeamento que relaciona as categorias clínicas privilegiadas por cada autor e as práticas clínicas em sua relação com as instituições educacionais e de saúde.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação