A LINGUAGEM ONÍRICA NO TEATRO MÍTICO DE NELSON RODRIGUES: CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMPO E O ESPAÇO

Autores

  • Meury GardÊnia Lima de AraÚjo
  • Caciana Linhares Pereira

Resumo

Esses escritos seguem a linha metodológica apontada por Freud e seguida por Lacan, de que o artista precede o psicanalista. O fio investigativo nos conduz ao escritor Nelson Rodrigues, especificamente as peças míticas Anjo Negro e Senhora dos Afogados, pois nos inquietamos com sua linguagem em constante fuga dos cânones tradicionais e nos posicionamos em busca de identificar seus elementos de projeção do espaço cênico em analogia com os processos oníricos, levando em conta a proposição lacaniana de que o teatro presentifica o discurso do Outro. Inicialmente garimpamos nas obras escolhidas trechos que apontavam uma falta de limite, de bordas, entre o psiquismo e o mundo externo; e partimos para “escutar” da crítica teatral os aspectos centrais sobre a estilística de Rodrigues, pautada no exagero, na deformação e no grotesco, que aludem aos processos primários esboçados no livro A Interpretação dos sonhos de Freud, a saber: deslocamento e condensação. Em seguida, procedemos a revisão teórica sobre Literatura e Psicanálise, Histeria, Estética e Sonhos. Em Didi-Huberman (2015) temos uma bússola que aponta para o alfabeto visível dos corpos histéricos e em Safouan (1987) o sonho como Escriba do inconsciente. Isso posto, nos revestimos do saber do dramaturgo e apontamos que suas personagens estruturam relações peculiares com o espaço e o tempo, plastificando, à maneira da elaboração onírica, desejos e sintomas que codificam um discurso do Outro. Em Anjo Negro, as paredes crescem à medida que aumenta a solidão dos moradores; enquanto em Senhora dos Afogados, D. Eduarda morre de saudade das próprias mãos. A investigação está em fase de análise detida, considerando o espaço como efeito de linguagem, seguindo o Norte das pesquisas sobre bordas corporais e estruturas clínicas; em busca de perceber se há um modo particular de interação com o ambiente que aponte vicissitudes nas formações psicopatológicas. Agradecemos a CAPES por oportunizar o desenvolvimento dessa pesquisa.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação