A REELABORAÇÃO LITERÁRIA DOS MATERIAIS HISTÓRICOS EM TROPICAL SOL DA LIBERDADE (1988), ROMANCE DE ANA MARIA MACHADO.

Autores

  • Johny Paiva Freitas
  • Geraldo Augusto Fernandes

Resumo

Publicado pela primeia vez em 1988, logo após o fim da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985), o romance Tropical sol da liberdade, de autoria da escritora brasileira Ana Maria Machado,traz em sua estrutura ficcional referências ao regime militar brasileiro. Assim, durante a narrativa literária, datas, eventos históricos, nomes de personalidades importantes desse período vão sendo reelaborados pela escrita ficcional, provocando no texto efeitos tanto estéticos quanto políticos que requerem uma leitura dialógica entre a literatura e a história, áreas do saber que possuem formas e estratégias diferentes de narrar o ser humano no tempo e no espaço, mas que, no entanto, muitas vezes se tocam e se amalgam em determinados pontos, como é o caso do uso, por ambas, da linguegem e da imaginação como fontes de criação e de conhecimento. Nesse sentido, o que se problematiza neste trabalho é a maneira pela qual a história/historiografia sobre a ditadura brasileira vai paulatinamente sendo tragadas pela ficção durante o romance e quais são os efeitos narrativos desse entrecruzamento para a construção do enredo do romance. Desse modo, para nos auxiliar a pensar sobre a escrita na encruzilhada de Tropical sol da liberdade, o estudo de Eurídice Figueiredo (2017) a respeito das estratégias de escrita mobilizadas por autores e autoras que tematizaram em seus livros de ficção o regime ditatorial brasileiro foi fundamental, uma vez que ele nos proporcinou analisar de modo sistemático os recursos formais, estilísticos e narrativos dessas obras. Além disso, a pesquisa de Ilma Socorro Gonçalves Vieira (2013) sobre as relações intertextuais entre ficcção, história, teoria e criação literária na produção ficciconal de Ana Maria Machado nos permitiu compreender como essa autora se utiliza desses diálogos não só como mecanismo inventivo para escrever suas narrativas, mas também como uma maneira de propor outra leitura, outra interpretação para a escrita da História dita oficial.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação