A VARIAÇÃO PRONOMINAL NÓS E A GENTE NA FALA DE FORTALEZA
Resumo
A Sociolinguística concebe a língua como um sistema ordenadamente heterogêneo, formado por regras estruturadas que estão sujeitas a variações e mudanças no espaço e no tempo, condicionadas por fatores linguísticos e extralinguísticos. Partindo desses postulados, a análise linguística volta-se para o estudo de modos alternativos de se dizer a mesma coisa. A alternância das formas pronominais de primeira pessoa do plural, nós e a gente, é de uso comum no português brasileiro. Entretanto, a Gramática Tradicional (ALMEIDA, 1961; LIMA, 1994, entre outros), oriunda de uma tradição clássica greco-romana, ignora a inserção da forma a gente no quadro pronominal do português brasileiro, como uma variante da forma nós. A presente pesquisa em andamento tem por fim descrever e analisar a variação pronominal “nós” e “a gente” na função de sujeito explícito no falar dos fortalezenses, à luz dos pressupostos da Teoria da Variação (LABOV, 2008 [1972]) e da Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]). Com isso, busca-se examinar a atuação dos fatores linguísticos (paralelismo formal, determinação do referente, tempo verbal/formas nominais e posição do pronome em relação ao verbo) e sociais (sexo e faixa etária) sobre a escolha de uma ou outra forma pelos falantes do Projeto Dialetos Sociais Cearenses (ARAGÃO; SOARES, 1996), um banco de dados coletado na década de 80, entre os anos de 1987 e 1988. O corpus supracitado é formado de dados de língua falada, composto por 18 informantes selecionados de 11 bairros de Fortaleza, Ceará. Para o tratamento estatístico dos dados, será utilizado o programa computacional GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005), a fim de se constatar a frequência de uso e quais são os fatores independentes que se mostram estatisticamente relevantes para o fenômeno em estudo. Os resultados gerais desta pesquisa mostram que a forma a gente (64,7%) é mais utilizada que a forma nós (35,3%).Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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