AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA EM FORTALEZA (AUP): DAS PRÁTICAS POPULARES À POLÍTICAS PÚBLICAS

Autores

  • Gabriela de Azevedo Marques
  • Iara Rafaela Gomes

Resumo

No espaço urbano e, principalmente, periurbano brasileiro, é comum encontrar práticas agropecuárias, geralmente realizadas por famílias de baixa renda de raízes rurais. Estas práticas costumam, no entanto, se encontrar ameaçadas e vulneráveis frente ao processo de expansão urbana e consequente avanço da especulação imobiliária, que rapidamente transformam esse território.Observa-se, a nível nacional e internacional, o crescimento da discussão em torno da Agricultura Urbana e Periurbana (AUP), tomando-a como uma estratégia de desenvolvimento socioambiental sustentável nas cidades. A pauta tem chegado a diversas cidades brasileiras através de experiências de projetos e também da sua inclusão na política e no planejamento urbanos.Este trabalho pretende identificar os avanços e os desafios do processo de institucionalização da AUP na cidade de Fortaleza na garantia da permanência e no desenvolvimento sócio-espacial das práticas agrícolas espontaneamente estabelecidas nas áreas urbanas e periurbanas da cidade. Com esse objetivo, realiza levantamento de dados quantitativos primários e secundários sobre as práticas agrícolas na cidade, mapeia os resultados para compreender sua expressão sócio-espacial e analisa os projetos e planos governamentais relativos à temática. Os resultados preliminares mostram que Fortaleza, embora apresente historicamente práticas agrícolas relevantes no seu território e também algumas experiências pontuais de fomento e incentivo à AUP, tem encontrado dificuldade na implementação da prática de maneira contínua e sustentável. Embora o recente Plano Fortaleza 2040 traga a preocupação de inserir a AUP na política urbana, o planejamento urbano atual ainda não abrange normativas e instrumentos que protejam efetivamente as práticas da sua situação de vulnerabilidade. Como resultado, tem-se a diminuição dos espaços produtivos em quantidade e em área, principalmente em áreas periurbanas, mostrando que estes continuam sujeitos à lógica da expansão urbana.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação