AQUI O RAIO SEMPRE CAI NO MESMO LUGAR: PERCEPÇÕES DA COMUNIDADE DO LAGAMAR EM FORTALEZA–CE SOBRE AS PRÁTICAS DE SUSPEIÇÃO E ABORDAGEM DA RONDA DE AÇÕES INTENSIVAS E OSTENSIVAS (RAIO)

Autores

  • Marcus Giovani Ribeiro Moreira
  • Irapuan Peixoto Lima Filho

Resumo

Este trabalho visa a compreensão da rede de relações e representações sociais da Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas – RAIO com os moradores da comunidade do Lagamar, na cidade de Fortaleza, a partir de seus discursos, práticas e percepções. Analisando a performance da abordagem e os mecanismos de suspeição daquele batalhão, percebidos através dos discursos, examino o encontro entre estes dois agentes, desvelando um mosaico de imagens (não) aparentes e dimensões sociais recalcadas. A partir deste desvelar, relaciono estas práticas com as categorias “racismo”, “juventude”, “direitos humanos”,“território”, “legalidade” e “segurança pública”. Associo as práticas do RAIO como paradigma da nova política de segurança pública adotada pelo atual governo do Ceará, celebrada como eficaz e eficiente no enfrentamento ao crime, da qual o RAIO é um dos principais e mais importantes trunfos. Com base no trabalho de campo na comunidade, nas entrevistas feitas com moradores do Lagamar, das falas dos policiais do RAIO (por meio da imprensa e das redes sociais) e dos discursos oficiais sobre este batalhão procuro a decodificação dos sentidos, significados e acepções da imbrincada e complexa rede de representações sociais resultantes do encontro do Estado, simbolizado pelo RAIO, com a comunidade, simbolizada pelos moradores do Lagamar. Analiso os fatores importantes na construção do imaginário de austeridade e eficiência atribuído àquele Batalhão de polícia. Examino a fabulação de estigmas e estereótipos decorrentes e, às vezes, anteriores a este encontro e suas consequências na execução da política de segurança pública executada pelo RAIO.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação