ARTICULAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA SOCIOAMBIENTAL, GESTÃO AMBIENTAL E IMPACTOS PSICOSSOCIAIS CAUSADOS PELA OBRA DO CINTURÃO DAS ÁGUAS DO CEARÁ

Resumo

O presente estudo faz parte da dissertação “Afetividade em contextos de desapropriação: impactos psicossociais das obras do Cinturão das Águas do Ceará em comunidades rurais do município do Crato-CE”. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um instrumento popular no processo de gestão preventiva do meio ambiente, tendo como objetivo avaliar os efeitos que uma intervenção de infraestrutura pode causar nos níveis estruturais, socioeconômicos, dentre outros. Entendemos que nesse processo, a dimensão psicossocial não pode ser desconsiderada. Portanto, este estudo objetiva conhecer os impactos psicossociais da implementação do EIA/RIMA a partir das obras do Cinturão das Águas do Ceará-CAC. Para isso, foi feita uma análise documental das atas de reuniões dos atingidos e de notícias, fazendo uma triangulação com os dados do EIA/RIMA. Considera-se aqui como impacto psicossocial as consequências do empreendimento que altera os modos de vida da população atingida. Os dados preliminares mostram que somente a questão econômica tem sido abordada no EIA/RIMA, no que concerne aos gastos com indenizações e dados sociodemográficos generalistas sobre os locais atingidos pelas obras. Não são levados em consideração no documento, aspectos históricos, culturais e nem a memória local. Outro fato a ser pontuado é que, apesar de haver um plano de comunicação sobre o CAC, não ocorreu um esclarecimento para a população. A entrada abrupta dos funcionários da obra nas casas dos moradores para fazer a medição da área afetada causou angústia e preocupação aos atingidos, fomentando um movimento de resistência às obras. Vê-se a partir destas análises, o quão necessário se faz o olhar sobre as questões psicossociais em casos de desapropriações ocasionadas por grandes obras, como também é fundamental o olhar para a dimensão afetiva, levando em consideração a construção de significados criados no entorno destas problemáticas. Agradecemos à CAPES pelo apoio à pesquisa.