AS LEITURAS DO POVO: POBREZA E LIVROS ESCOLARES NA INSTRUÇÃO PÚBLICA PRIMÁRIA DO CEARÁ IMPERIAL (1874-1890)

Autores

  • Cleidiane da Silva Morais
  • Ana Amelia de Moura Cavalcante De Melo

Resumo

Este resumo tem como objetivo investigar as estratégias de controle e fiscalização elaboradas pelas autoridades responsáveis pela Instrução Pública e pela Igreja Católica, para enquadrar, classificar, proibir e autorizar o que deveria ser lido e quais livros deveriam compor o programa escolar nas aulas públicas primárias da Província do Ceará nas últimas décadas do século XIX. Nesse momento, em meio à expansão do comércio de impressos escolares, a Igreja Católica procurou intensificar o controle e fiscalização sobre o universo dos livros e dos leitores. No campo educacional, inúmeros livros foram considerados “impróprios” por conterem conteúdos contra a religião, a moral e os bons costumes. As leituras impostas às crianças que frequentavam as aulas primárias, não deveriam passar dos livros de oração, que serviam também como iniciadores nos rudimentos da leitura e da escrita. No universo letrado, os gabinetes de leitura, as associações filosóficas e literárias, assim como as redações de jornais e revistas, constantemente agitados pela vida frenética a que os debates na Câmara dos Deputados e na Assembleia Provincial os envolviam, são arrastados por uma nova lei geral, a de construir a civilização e o progresso material e moral por meio da educação, tendo nesta a solução para os problemas sociais. Os compêndios escolares utilizados no ensino da leitura e na instrução moral e religiosa seriam ferramentas fundamentais, uma vez que não traziam apenas os ensinamentos referentes à história bíblica, à doutrina cristã católica ou ao exercício da leitura, mas toda uma gama de boas maneiras e costumes que deveriam ser externados pelos alunos e professores. Assim, as leis e regulamentos que regiam o ensino na Província, as Correspondências produzidas pela Instrução Pública, os compêndios escolares, a legislação educacional do período, jornais e revistas, bem como os Relatórios de Presidente de Província, conformam um conjunto de fontes imprescindível a esta investigação.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação