BALZAC, “UMA INTELIGÊNCIA DO CORAÇÃO DAS MULHERES”.

Resumo

O presente trabalho pretende verificar como o escritor Honoré de Balzac (1799 – 1851), através de sua ficção, chegou ao coração e à mente do público feminino de seu tempo. A condição da mulher não era tão favorável à mudanças e evoluções na sociedade contemporânea de Balzac. Ele vai abrir caminhos através da escrita de seus romances para muitas reflexões, nas quais as mulheres, leitoras ativas, irão adotar em relação a seus sentimentos e papéis como protagonistas desta sociedade. A Mulher de trinta anos (1932) é o romance selecionado para nossa fundamentação nessa pesquisa. Nele, Balzac nos coloca em contato com o romantismo de Goethe e Stendhal, além de influenciar Flaubert. Faremos uma análise de alguns trechos deste romance de Balzac, justamente onde encontramos um diálogo com os autores mencionados e seus respectivos romances, ou seja, um entrecruzamento das fortes influências recebidas destes autores, que se materializam na escritura balzaquiana, como também da influência que Balzac provocou sobre a personagem Emma Bovary (1857). Acreditamos ser muito precipitada a afirmação de que Balzac foi um escritor feminista, mas é inteiramente pertinente a opinião crítica sobre sua articulação para a emancipação feminina. Fundamentaremos essa hipótese com a obra de Emmanuel Swedenborg (1688 – 1772), Les Délices de la Sagesse sur L’Amour Conjugal (1768), ou precisamente O Amor Conjugal. Esse pensador influenciou, com sua doutrina espiritual e filosófica, o pensamento de Balzac, que a refletiu de forma intensa em toda sua obra. Analisaremos como essa doutrina está relacionada à condição de emancipação da mulher na obra balzaquiana em estudo, e como sua escrita ficcional foi responsável por muitas reflexões que as mulheres, mediante as leituras de seus romances, foram se identificando e criando mecanismos de libertação das amarras que as prendiam aos costumes e leis de uma sociedade opressora e condenadora.