BIG DATA E A GOVERNAMENTALIDADE ALGORÍTMICA: NOTAS SOBRE OS EFEITOS DA PERSONALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DIGITAL

Autores

  • Francisca Alana Araujo Aragao
  • Pablo Severiano Benevides

Resumo

Esse trabalho tem como objetivo discutir sobre a produção de perfis algorítmicos e sobre seus efeitos nos modos de subjetivação contemporânea. Para isso, analisamos uma experiência brasileira com a elaboração de perfis a partir do Big Data: a Mosaic Brasil. Essa é uma estratégia de segmentação do mercado consumidor brasileiro que se baseia em dados socioeconômicos, demográficos, geográficos, comportamentais, de consumo e estilo de vida para a divisão da população em 11 grupos e 40 segmentos, considerando uma análise minuciosa de mais de 400 variáveis. A partir de uma postura arqueogenealógica foi analisado como as técnicas de formação de perfis algorítmicos e de mineração de dados parecem inaugurar uma maneira de produzir conclusões sobre preferências, intenções e comportamentos baseando-se exclusivamente na correlação de dados. É sob a aura do conhecimento “puro” dos dados que se legitima a estruturação por antecipação do campo possível da ação dos outros. Essa produção algorítmica da “realidade” que se diz livre de toda subjetividade, normatividade e ideologia foi o que Rouvroy (2017) chamou de behaviorismo de dados. Trazemos aqui como resultados parciais o entendimento de que a mineração preditiva de dados favorece o desaparecimento das esferas de encontro com a diferença sob aparência de “personalização” das ofertas de informação e de serviços. No caso da experiência analisada, a técnica elaboração de perfis algorítmicos tem seu potencial comercial explorado atuando através da propaganda dirigida. Todavia, outras estratégias de modulação de comportamento podem ser ainda elaboradas com base no mesmo banco de dados. Os perfis supra e infra-individuais encerram os sujeitos na tarefa de permanecerem si mesmos, isolando-os em suas preferências e produzindo efeitos nos processos de subjetivação. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES).

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação