CAMINHAR E ESCUTAR: MODOS DE EXPERIMENTAR A CIDADE
Resumo
Cotidianamente, ouvimos uma diversidade de sons e, como nossos ouvidos não dispõem de pálpebras, a experiência da escuta não se torna uma escolha. Neste sentido, quem produz os sons que ouvimos? Como os sons se relacionam com o espaço físico em que habitamos e como interagimos com eles? Com o intuito de esboçar pistas para essas questões, essa escritura partilha uma cartografia dos sons que permeiam a cidade de Fortaleza – CE, a partir de deambulações realizadas com a linha sul do metrô e em praças da capital cearense. A metodologia do estudo inspira-se na cartografia (ROLNIK 2006, GUATTARI 2006, PASSOS 2009), no caminhar (CARERI 2013; 2017), nos estudos sobre atenção (KASTRUP 2018) e nos conceitos sobre espaço (SANTOS 2006) e paisagem sonora (SCHAFER; 2011). Como apontamentos iniciais das observações, percebo numerosos sinais sonoros que orientam nossas ações cotidianas. As estações de metrô, por exemplo, não são arquitetadas de modo participativo, pois ao mesmo tempo em que limitam a interação dos passageiros com os sons, impõe-se um silêncio fabricado de ruídos tecnológicos. Nas regiões mais afastadas do centro da cidade, embora a massa do trânsito seja uma constante, ainda se escuta pássaros e o farfalhar do vento nas folhas das árvores. Ao que parece, cada praça da cidade possui uma identidade sonora. Nessa perspectiva, a escuta torna-se um modo de experimentar e habitar o mundo.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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