CENAS DE FAUSTO N’O PRIMO BASÍLIO, DE EÇA DE QUEIRÓS, ATRAVÉS DA ÓPERA: ECOS INTERDISCURSIVOS DE CRÍTICA BURGUESA

Autores

  • PatrÍcia Rodrigues de Souza
  • Atilio Bergamini Junior

Resumo

A pesquisa em curso tem como objetivo verificar as relações interdiscursivas do Fausto, notadamente o de Johann Wolfgang von Goethe, estabelecidas no romance O Primo Basílio (1878), de Eça de Queirós, pela base relacional da crítica à burguesia. A análise desta pesquisa fundamenta-se na referência a Fausto por meio da ópera homônima de Charles Gounod, baseada na obra-prima do poeta alemão. A percepção de aspectos operísticos é frequente ao longo da narrativa queirosiana. Nesse sentido, nossa investigação é voltada para o discurso queirosiano na busca por compreender a referência operística a Fausto como não arbitrária, mas sintomática, e capaz de engendrar um efeito de sentido simbólico, resultante de um trânsito ideológico do pano de fundo da crítica à sociedade burguesa oitocentista, dado que liga o poeta alemão e o autor português. À vista disso, o enfoque deste estudo se dá, primeiramente, com uma revisão do cenário jornalístico literário queirosiano para assim estabelecer convergências entre a obra estudada e o Fausto, conforme a crítica social proposta pelo autor. Em seguida, são apresentadas, por meio de cotejo, as características coexistentes em O Primo Basílio e Fausto, compondo assim um cenário de interdiscurso. Por último, a análise viabilizará enxergar como se opera a interdiscursividade em O Primo Basílio, por meio do influxo isotópico da ópera «Fausto», enquanto crítica burguesa. Como aporte teórico desta pesquisa, de natureza comparatista, adotamos estudos sob a perspectiva semiótica de BERTRAND (2003), FIORIN (1998, 2000, 2006, 2012), PIETROFORTE (2008) e BARROS (2001). Concernente à fortuna crítica de Eça de Queirós, apoiada na ópera e em Fausto, as referências são ARAÚJO (2008), LIMA (1995), CARVALHO (1986, 2000), VALENTIM (2010, 2014), BERRINI (1982), COELHO (1996), MORNA (1991), PINTO (1990), DELLILE (1984) e MOURA (2004).

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação