CIDADE REAL E CIDADE POSSÍVEL: UM EXERCÍCIO ANALÍTICO NO BAIRRO PARQUE ARAXÁ

Autores

  • Ana Carolina dos Santos Barros
  • Paulo Jorge Alcobia Simões
  • Clarissa Figueiredo Sampaio Freitas
  • Daniel Ribeiro Cardoso

Resumo

O presente trabalho busca apresentar, através de um estudo direcionado a um bairro de Fortaleza, as possíveis diferenças existentes entre as prescrições normativas do planejamento urbano da cidade e a construção da cidade factual, a fim de discutir a pertinência e pregnância do planejamento urbano tradicional e seus instrumentos. Através da modelagem da informação e do uso de indicadores de densidade propostos em Berghauser Pont e Haupt (2009), busca-se investigar qual a cidade que a legislação vigente possibilita e, consequentemente, estimula. A partir daí, Elaborou-se inicialmente o modelo do Bairro real (Cenário 01), de acordo com as informações geográficas e censitárias disponíveis. Em contraposto a esse, se delineou o Cenário 02 onde, aos lotes existentes, se aplicaram os parâmetros urbanísticos do zoneamento vigente, em seus valores limítrofes. Os cenários foram então contrapostos para que se tornasse visível as diferença existentes. De forma geral, o bairro ainda é principalmente horizontal, encontra-se densamente ocupado e não possui nenhuma área livre pública. No entanto, o mesmo encontra-se numa zona de ocupação prioritária cuja permissividade de índices e taxas apresenta uma desconexão com a real ambiência e escala do bairro. A análise dos cenários permitiu a verificação de uma tendência à verticalização e aumento do valor de solo do bairro não compatível com suas taxas de IDH e renda média da população. A permissividade dos índices urbanísticos aplicados ao zoneamento do bairro em questão, falha em considerar a probabilidade de ocorrência de processos consequentes de gentrificação e deslocamento dos mais vulneráveis e como eles poderiam vir a afetar o restante da cidade. O planejamento nesses moldes parece ter embutido em si mesmo a admissão de processos excludentes que tenderão a afastar os atuais residentes em prol dos ocupantes futuros. Cabe aqui, então, a indagação de para quem esses planos se destinam e para quem se planeja essa cidade.

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação