CIENTISTAS E EXPEDIÇÕES NA SERRA DE BATURITÉ – CE: PESQUISA E INTERCÂMBIO ENTRE O USO E A PRESERVAÇÃO DO TERRITÓRIO (1799-1910)

Resumo

Esta pesquisa busca compreender a formação natural e cultural da Serra de Baturité – CE a partir das pesquisas e intercâmbios realizados por cientistas e expedições de campo, entre 1799 e 1910, através da análise da produção científica local e estrangeira concebida a partir dos estudos de campo, considerando a trajetória de seus autores, interesses, descrições e conclusões. Reconhecendo o intercâmbio realizado entre cientistas e outros intelectuais e habitantes do território explorado, comparando dados, opiniões e referências acadêmicas e tradicionais na interseção entre o senso comum e a ciência, considerando verificar no discurso científico os conflitos e interesses econômicos e ambientais entre o uso e a preservação do território. E a educação participa, atravessa e acontece em todas essas esferas. No que concerne ao intercâmbio, um aspecto a ser discutido é a capacidade de interlocução da comunidade de cientistas e profissionais locais, incluindo os quaisquer outros habitantes, que também se constituem como produtores e agentes, nós das redes pelos quais a construção do conhecimento teve que, obrigatoriamente, passar. A passagem das expedições pelo Ceará contribuiu para o reconhecimento de paisagens e suas potencialidades, viabilizando novas pesquisas e projetos políticos e econômicos, e em alguma medida, influenciou no campo social através da troca de saberes e práticas. Desta feita, pesquisar sobre a formação natural e cultural de uma região específica como a Serra de Baturité, no nordeste brasileiro, aponta para a importância das análises comparadas para a compreensão das singularidades históricas e para a necessidade de elaboração de pesquisas comparativas entre as diversas regiões e localidades, de maneira a matizar entendimentos históricos sobre a ciência, a educação e a produção do conhecimento no Brasil, construídos particularmente pela ótica da investigação na região sudeste, historicamente o centro político e econômico do país.