CIÊNCIA E IMAGEM NA ICONOGRAFIA BOTÂNICA DE FRANCISCO FREIRE ALEMÃO
Resumo
O botânico e médico Francisco Freire Alemão (1797-1874) foi um expressivo nome da ciência nacional no século XIX, conhecido por sua atuação na Comissão Científica de Exploração (1859-1861), assim como por uma vasta produção de ilustração botânica. Os desenhos de Freire Alemão eram verdadeiros tratados pormenorizados das partes de uma planta (morfologia): seus órgãos, partes reprodutivas, estrutura das folhas. Diferentes de boa parte dos desenhos e pinturas da época, - que retratavam as plantas inteira, ou compondo uma paisagem - seus desenhos tinham uma função científica: a descrição botânica. Essa descrição atendia a critérios que passavam pelo realismo e verificabilidade das notas e ilustrações em relação ao objeto descrito. O lugar do sentido da visão na construção do conhecimento científico, segundo Foucault, teve proeminência, pois a história natural configurava-se como nomeação do visível. Entretanto, não se trata de simples cópia, mas de estabelecer estruturas de visibilidade – a estrutura botânica. Nessa perspectiva, analisaremos a iconografia (desenho de plantas) em seus estudos sobre botânica, como suas notas manuscritas feitas em suas excursões pelas matas do Medanha (RJ), seu Diário de viagem da Comissão Científica ao Ceará, suas correspondências com outros naturalistas no Brasil e Europa, assim como outras produções de iconografia botânica do século XIX. Diante dessa questão, não estamos interessados em perceber a “qualidade” dos desenhos e notas de Alemão em reproduzir plantas, mas como ele instrumentalizava os desenhos como recursos de cientificidade em seus estudos.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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