COMISSÃO UNIVERSITÁRIA DE RESTAURAÇÃO DEMOCRÁTICA E A DISPUTA PELAS ENTIDADES ESTUDANTIS: UMA REFLEXÃO SOBRE A PARTICIPAÇÃO CIVIL NO GOLPE DE 1964. (1964-1967)

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar a ação da Comissão Universitária de Restauração Democrática, as disputas deste grupo com o movimento estudantil de esquerda e sua aliança com os dirigentes universitários no momento do golpe de 1964. Este grupo, formado por cerca de 30 estudantes de direita, disputou com os grupos estudantis de esquerda o controle das entidades representativas dos estudantes, com apoio dos militares e também dos dirigentes estudantis da Universidade do Ceará – UC (Atual Universidade Federal do Ceará – UFC), na tentativa de afastar a esquerda da universidade e se alinhar ao poder que ascendia. Na esteira das pesquisas mais recentes a respeito da ditadura, onde novas perspectivas de reflexão do período chamam nosso olhar para a participação da sociedade civil na construção social do regime civil-militar pós-1964, este trabalho visa contribuir com esta reflexão analisando os grupos civis organizados que não apenas apoiaram o golpe de 31 de março, mas também mobilizaram forças para contribuir com aquela empreitada, assumindo certo protagonismo no embate contra os grupos resistentes, como fez a historiadora Janaína Cordeiro em sua dissertação de mestrado, ao analisar o CAMDE (Campanha da Mulher Pela Democracia), grupo de mulheres que atuou em prol do regime militar, no Rio de Janeiro. Assim, ao analisar a Comissão Universitária de Restauração Democrática e suas conexões com as esferas de poder da universidade e do governo militar, buscamos ampliar este debate e questionar a memória da universidade como espaço privilegiado da resistência ao regime ditatorial.