EM DISPUTA: UMA COLEÇÃO DE GESTOS ENGAJADOS NA INVENÇÃO DA CIDADE.
Resumo
Em conjunto com alguns filmes realizados com e nas imediações da comunidade do Poço da Draga, em Fortaleza – CE, são movimentadas inúmeras narrativas que permeiam o espaço (MASSEY, 2008; SANTOS, 2002). Ao observar as escrituras (BARTHES, 1987) de três curta-metragens: Fort Acquário (Pedro Diógenes, 2016), Visita Guiada (Victor Furtado, 2016) e Ponte Velha (Victor de Melo, 2018), vejo que os filmes se permitem um modo de fazer com aqueles que ocupam e inventam os espaços. As relações estabelecidas entre os filmes parecem elaborar gestos (AGAMBEN, 2018) que possuem um papel crucial na relação com a cidade e questionar as formas de atuação do poder através de ações que se conectam intimamente à partilha do sensível (RANCIÈRE, 2005). Ao considerar a potência ativa desses gestos, as obras nos conduzem a um olhar atento aos processos de subjetivação e às políticas de resistência. Fort Acquário utiliza, em momentos da sua escritura, os vídeos publicitários do Acquário Ceará como um modo de questionar que tipo de visualidades estão sendo produzidas em projetos que o Estado e o capital buscam implementar em contextos urbanos. Em Visita Guiada, ao rememorar os espaços da comunidade do Poço do Draga, somos convocados por uma rede de relações entre personagens, eventos e situações que põe em crise as políticas de remoção que desvinculam os espaços dos modos de vida que os constituem. Já em Ponte Velha, a ocupação dos espaços pelos jovens reinventa o comum e constitui uma ação direta de resistência às modelações de controle político e socioeconômico. Os filmes, em suas singularidades, atuam na tentativa de perturbar certas estratégias de apaziguamento imaginando e desejando horizontes de partilha, indagando o porvir e produzindo engajamentos na invenção da cidade.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
Licença
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