“EU SOU ALGO QUE NÃO ERA PARA EXISTIR”: NARRATIVAS BIOGRÁFICAS DE PESSOAS TRANS* PRODUZIDAS POR DOCUMENTÁRIOS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS
Resumo
Esta pesquisa tem o objetivo de analisar narrativas biográficas de pessoas trans* no documentário brasileiro contemporâneo. Pretende explorar as possibilidades deste formato de mídia como lugar de fala do sujeito para elaboração e expressão de uma narrativa de si e, com base nos resultados, propor um método de análise de narrativas veiculadas em meio audiovisual. O pesquisador poderá, assim, não só compreender o discurso verbal dos sujeitos, mas reconhecer os elementos da linguagem cinematográfica operando em uma obra audiovisual e refletir de maneira crítica acerca daquilo que ela comunica. Do referencial teórico, destacamos as considerações que Judith Butler (2015) elabora sobre o processo de enquadramento; de Giorgio Agamben (2017), a respeito da noção de corpo como um lugar de disputas políticas; de Antonio Ciampa (2007) e Paul Ricoeur (1991), sobre a narrativa de si na constituição e ressignificação do sujeito. Sobre teorias do documentário e da imagem, nos apoiaremos em Jean-Louis Comolli (2008), Eduardo Coutinho (1997) e Georges Didi-Huberman (2014). O corpus será constituído de quatro documentários: O vôo da beleza, (2015), Bixa Travesty (2018), Meu corpo é político (2017) e Lembro mais dos corvos (2018). O critério de seleção considerou o envolvimento de pessoas trans* na produção das obras. A metodologia constitui-se de pesquisa bibliográfica e documental, com levantamento de documentários brasileiros de temática transgênero nos últimos 10 anos; análise fílmica (AUMONT, 2009) e análise imanente de discurso (ADORNO, 2003). Será realizado, ainda, um estudo netnográfico (KOZINETS, 2014) do corpus que contemple a sua disponibilidade de acesso em meio online, bem como tipo e grau de engajamento de público. Acreditamos que a elaboração desse percurso metodológico irá contribuir na coleta e análise de dados em diversas pesquisas em Ciências Sociais que trabalhem com narrativas audiovisuais.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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