HORA DA PALAVRA: AS DIFERENTES FORMAS DE LINGUAGEM DE UMA VIVÊNCIA OU COMO FALA UMA EXPERIÊNCIA

Resumo

O projeto Coisas Frágeis foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da (UFC) em 18/03/2016. O objetivo principal do projeto original foi compreender, a partir de narrativas de história de vida de pessoas residentes em Fortaleza/Ceará, as implicações do diagnóstico psiquiátrico para as metamorfoses da identidade de indivíduos que viveram/vivem a experiência de sofrimento mental. Entre os objetivos específicos, por sua vez, se relaciona a discussão das implicações do diagnóstico psiquiátrico para a identidade, enquanto prática de reconhecimento que produz e/ou legitima a representação de uma personagem. É a isso que esse trabalho se propõe. Com a pretensão de não apenas apresentar concordâncias acerca da potência da relação entre identidade e narrativa na vida de um sujeito, tem-se em vista questionamentos surgidos a partir dos instantes declarados por aqueles que se dispõem ao desafio de narrar a um outro, mas sobretudo a si mesmo, a história de sua vida. A intenção deste resumo, logo, se desdobra na discussão da difícil pretensão de dar seguimento ao lugar convocatório que é transmitir a experiência daquele que diz, e não daquele que escuta. Acrescenta-se, ainda neste primeiro desafio, a capacidade de pôr à prova a sensibilidade de uma escuta que, frente a uma narrativa contínua e ininterrupta, mas não linear, se depara com os atropelos resultantes e inesperados desse método de pesquisa. Aqui questiona-se a naturalização de uma escuta chamada de especializada por parte dos psicólogos, que acaba por se apresentar de fato como uma 'escuta surda', uma vez que não consegue de fato escutar nada além do que é pressuposto como problema de ordem da saúde mental. Para a elaboração deste trabalho foram utilizadas leituras de Maurice Blanchot, Theodor W. Adorno, Gaston Bachelard, além de poéticas de Manoel de Barros, Henri Cartier Bresson, entre outras.